sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

o desalento total

Estava sentado num banco de jardim e a chuva confundia-se com as minhas lágrimas. Eu era apenas mais uma criança no mundo, infeliz com a vida que levava. Esperava agora um pouco de paz que pudesse acalmar a minha alma triste e ansiosa.
Eu via o mundo à minha maneira: solitário, infeliz e perigoso.
E interrogava-me o porquê da minha existência. E foi então que surgiu uma voz vinda do nada, sussurrando aos meus ouvidos, como se fosse um segredo ou um desabafo. A resposta foi tão directa e arriscada que me pôs a pensar durante prolongados minutos.
Após o pensamento tão impuro e intolerante, o vazio apoderou-se de mim, uma mágoa destruía a pouco e pouco o meu coração, era difícil de explicar.
Eu estava sozinho, sem ninguém, no mundo inventado, no mundo onde sabia que nunca poderia ser feliz, tentando viver das ilusões e das lembranças da minha memória.
As pessoas que gostavam de mim, essas estão longe e, por mais que tente esquecê-las, elas assombram-me todos os dias como fantasmas e demónios.
A minha vontade era de me querer suicidar, eu considerava-me um desconhecido, vendo que a morte a única solução para acabar com o meu sofrimento.
Só uma pessoa me conseguia compreender: era Deus - parece que existia, embora não tivesse provas para acreditar na sua existência.
Este "Deus", alma divina, talvez fosse apenas e só um anjo criado por mim, para ter pena, que surgia à minha frente para me dar conforto, para me dar conselhos; estes, por mais que fossem verdadeiros, eram rejeitados pela minha teimosia, como se estes me fossem prejudiciais. Mas também só podia confiar, porque Ele tinha experiência de vida e sabia o que estava realmente a dizer, procurando o meu bem.
No Universo, onde ele supostamente vivia, o mundo era muito diferente do meu. Era um mundo fantasioso, com base em contos de fadas. Este era o mundo que eu idealizava para mim, sabendo que não existia.
Este indivíduo representava uma força irresistível contra um obstáculo imemorável. Esse obstáculo era a minha teimosia, que me impedia de guiar para o caminho mais correcto e verdadeiro.
Naquele momento cheguei à conclusão que se Deus pode tudo e tem poderes para isso, eu também posso - não sou diferente, não sou excepção, embora seja uma simples criança à procura de harmonia e felicidade.
 Ruben Zacarias



Satisfeitos, idiotas? É isto que vocês fazem alguém sentir, quando o excluem, quando com ele gozam, quando lhe apontam o dedo, sem lhe darem a oportunidade de estar sequer correcto.

3 comentários:

Sílvia disse...

É arrepiante estar a ler cada palavra desse texto e sent-lo como se o tivesse escrito.
O mundo idealizado e o mundo real são tão diferentes...

Anónimo disse...

Sílvia: o autor deste texto é um amigo meu que é gozado por toda a gente. No ano passado, era mais; este ano, a escola tanto interviu que já não acontece com tanta frequência. O que agora acontece é mais... não analisarem o que ele diz, criticarem logo. É uma espécie de preconceito que se criou acerca dele. É verdade que ele tem muitas dificuldades psicológicas, mas nem sempre está errado - só que foi tão ridicularizado no ano passado que agora faz figura de estúpido, mesmo que de estúpido nada diga. Eu, pessoalmente, irrito-me com frequência com ele e acabo por ser bruta com ele, mas... é o que dá eu ser tão lógica e ele ser tão emocional. Não tem a ver com a reputação dele ou a inteligência dele, é mesmo a diferença de orientações psicológicas. Irrita-me que ele seja tão sensível e delicado - e magoa-o que eu seja tão racional e fria. É difícil entrarmos em acordo no que quer que seja. :) Já no caso de outras pessoas, acabavam por entrar no jogo sem se aperceberem e acabavam por excluí-lo despropositadamente. Alguns deles, quando leram isto, choraram e confessaram-me, tristemente, "deve ser assim que ele se sente por dentro". Daí eu ter querido publicar este texto, para que haja mais gente a cair em si e a ver que não é só a mente deles que pode ser magoada.

Sílvia disse...

Acho que fizeste bem em fazê-lo :)
É mais fácil julgar que compreender, mas as pessoas nem se dão ao trabalho de o fazer.