terça-feira, 25 de maio de 2010

arrependimento

Quero esconder-me num buraco, onde ninguém me veja, onde ninguém me aponte o dedo.


Mas de que adianta isso? A minha consciência seguir-me-ia eternamente e eu iria ter ainda mais vergonha de mim mesma por ter feito o que fiz, dito o que disse. Além do mais, o próximo permaneceria insultado. Aí, seria tarde de mais e seria ainda mais difícil sair do buraco onde já estou. É cobardia e não me leva a lado nenhum. Enterrada (e bem!) já eu estou.

Sou um monstro.

sábado, 22 de maio de 2010

Skillet: Monster

"The secret side of me I never let you see: I keep it caged, but I can't control it, so stay away from me. The beast is ugly. I feel the rage and I just can't hold it. It's scratching on the walls. In the closet, in the halls, it comes awake and I can't control it. Hiding under the bed, in my body, in my head. Why won't somebody come and save me from this? Make it end!  I feel it deep within. It's just beneath the skin. I must confess that I feel like a monster. I hate what I've become! The nightmare's just begun. (...) My secret side I keep hid under lock and key. I keep it caged, but I can't control it, 'cause if I let him out he'll tear me up, break me down! (...) It's hiding in the dark. Its teeth are razor sharp. There's no escape for me. It wants my soul, it wants my heart! No one can hear me scream. Maybe it's just a dream or maybe it's inside of me. Stop this monster! (...)"

domingo, 16 de maio de 2010

fast-food

Interessante. É, sem dúvida, uma crítica brilhante. Não o acham? Se bem que a situação na Europa não é tão diferente assim!...
Para quem não percebe inglês, dou-me ao trabalho de traduzir a legenda: depois de uma curta estadia na América, a estátua de David de Miguel Ângelo foi trazida de volta para a Europa...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Franz Ferdinand: What You're Waiting For

é uma interessante versão, há que admiti-lo. gostei bastante!

 

Paramore: Careful

"I settle down a twisted-up frown, disguised as a smile: well, you would have never known. I had it all, but not what I wanted, because hope for me was a place uncharted and overgrown. You make your way in, I resist you just like this. You can't tell me to feel! The truth never set me free, so I did it myself! You can't be too careful anymore, when all that is waiting for you: won't come any closer! You've got to reach out a little more. (...) Open your eyes like I open mine: it's only the real world - life you will never know - shifting your way to throw off the pain; well, you can ignore it, but only for so long. You look like I did, you resist me just like this. You can't tell me to heal! And it hurts remembering how it felt just shut down. (...)"

Green Day: Bab's Uvula Who?

"I've got a knack for fucking everything up: my temper flies and I get myself all wound up. My fuse is short and my blood pressure is high: I lose control and I get myself all wound up. Tension mounts and I fly off the wall: I self-destruct and I get myself all wound up. Petulance and irritation set in: I throw a tantrum and I get myself all wound up. Bother myself, (...) little reserve, (...) loss of control and (...) all by myself (...). Chip on my shoulder and a leech on my back: stuck in a rut and I get myself all wound up. Killed my composure and it will never come back. (...) Blown out of proportion again: my temper snaps and I get myself all wound up. Spontaneous combustion, panic attack: I slipped a gear and I get myself all wound up. I lose myself and I'm all wound up. (...) I like myself and I'm all wound up. (...)"

dignidade bloguista?

Shiuuu...
Quando recebi este selo fiquei severamente surpresa. Não estava mesmo nada há espera de receber algo assim, até porque quem mo enviou não me está a subscrever nem costuma comentar o meu blogue com frequência. Assim, tenho de assegurar a continuidade do desafio.

1) Não divulgar quem lhe bridou.
Agradeço ao lado obscuro e feminino do equilíbrio. :)

2) A razão de ter um blogue.
Inicialmente, criei um blogue só para experimentar; depois, acabei por publicar postagens só quando queria divulgar alguma informação; agora dedico-me à expressividade. Sou uma pessoa emocionalmente forte, mas não me sinto muito confortável ao contar o meu interior a alguém, daí ter passado a dedicar-me à literatura, pois sentia-me demasiado sufocada em mim mesma. Com tempo, resolvi publicar as minhas criações num blogue, para que estas não se perdessem com a formatação do disco rígido, que, no meu computador, é mais ou menos frequente.

3) A razão de ter recebido o selo.
Julgo ter sido devido à minha literatura. A pessoa que me brindou supreendeu-me, porque nem me comenta com frequência nem me subscreve, por isso achei que o meu blogue não era tão significativo assim. É uma honra receber este selo!

4) Pôr por tópicos o nome de 15 blogues sem revelar o verdadeiro nome. O bloguista terá de descobrir! E tu terás de ver!
Ora aqui fracasso grotescamente. Por utilizar o blogue mais como uma forma de expressão, não conheço muitos outros blogues que me tenham cativado assim. Neste actual momento (12-5-2010) irei pôr poucos, mas acredito que no futuro esta lista se complete. Não sei.
  • monopólio incompleto
  • segunda pessoa do singular
  • propriedade de um roqueiro
  • loucura mundial
  • vaca com pénis
  • oposto ao comum

domingo, 9 de maio de 2010

malvados!

As memórias dos únicos momentos de vivência vagueiam o meu pensamento por vezes. E anseio por um novo começo. Os demais pressentem-no e tentam convencer-me a seguir em frente. Ah, malvados! Querem tentar apagar de mim a melhor passagem da minha vida!
Não sei se por estas correntes é responsável o facto de um dia ter sentido e ter saudades de sentir, se é o desespero da solidão que me deixou aqui, petrificada, esperando, esperando, esperando, esperando; se fui eu que não consegui, de facto, abandonar o sentimento e, por isso, procurei involuntariamente a solidão.
À noite, tu apareces, vigoroso, dócil, manso e maduro. Pousas o braço no meu ombro e proteges-me, como um anjo guardião que segura entre as suas asas a luz, aumentando a sua densidade. Sabes que não sou forte o suficiente para proteger sozinha uma criança, que nesse momento repousa em meus seios calorosos.
Esse novo começo nunca virá. E espero, espero, espero. No canto da minha caixa, aguardo que um átomo morra e permita a outro ocupá-lo. E espero, espero. O meu corpo decompor-se-á e eu continuarei esperando. Morrer já me é impossível, pois a morte nunca vem duas vezes. Então espero.
Tenho alguma dificuldade em perceber quando algo acabou.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

volta sempre com o corpo!

Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que é.
Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja; afinal de contas fome é fome, mas regime é regime, não é? Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão!
- Está bem, eu compro um.
Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de
e-mail. Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas. Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.
- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.
Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.
-
Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem?
Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora. O peso na consciência impede-me de o dizer. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e mais uma refeição decente para ele. Então sentou-se à minha frente e perguntou:
- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns
e-mail.
- O que são
e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet. - sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses - É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas: notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas:
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
- Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira: virtual. A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo; enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa; a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo; o meu pai está na cadeia há muito tempo; mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia. Isto é virtual, não é, senhor?
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino acabasse de literalmente devorar o prato dele, paguei e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um
obrigado, senhor, você é muito simpático!. Ali, naquele instante, tive a maior prova da virtualidade insensata em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!

oligarquia, democracia e justiça social

Uma das diferenças entre a oligarquia e a democracia consiste no cumprimento da justiça social. Algo óbvio é que é impossível para uma sociedade ou regime político ser sempre totalmente justo, até porque a própria justiça pode ser feita em detrimento de uma outra: por vezes, temos de tomar decisões opostas em que ambos os lados a seguir são justos e injustos ao mesmo tempo. Mas não é esse o ponto; o importante agora é estabelecer uma comparação entre a oligarquia e a democracia, com base na justiça social.
Ora, não me parece que seja justo usufruir ou não de regalias radicalmente como numa oligarquia. Muitas pessoas concordam comigo, disso não duvido, mas também estou certa de que uma parte, de dimensão mais ou menos grande, dessas pessoas gostaria, pelo menos pela experiência, de nascer numa família rica (e, por isso, detentora de maior poder político), ter escravos, uma vida facilitada, tudo ao seu alcance, sem o mínimo esforço. Muito sinceramente, desprezo com orgulho essa vida, pois acho que, sem um esforço para alcançar algo, nunca nada será alguma recompensa nem nada será conquistado verdadeiramente. O melhor é sem dúvida o processo de conquista, precedendo um orgulho de ter conquistado. Além disso, que culpa tem alguém do berço em que nasce? Isso não deveria ter qualquer relação com a actividade a exercer.
Contrariamente, em democracia pura, sem subornos ou corrupção, é a capacidade intelectual de criticar e governar que determina o estatuto social de um político ou governante; e este mesmo governante não é nada mais nada menos do que um cidadão. O que o distingue dos outros cidadãos é o facto de ter sido eleito como seu representante, não possuindo qualquer regalia extra por isso. Ser politicamente poderoso deixa de ser, então, um estilo de vida hereditário para ser simplesmente um emprego. Por outro ponto, parece-me justo que a justiça democrática incida sobre esta relação de cargo e poder de opinião, pois, sendo o governante igual em direitos aos governados, então o primeiro tem o dever de ouvir e ter em consideração a vontade dos segundos: caso contrário, um descontentamento dos segundos será perfeitamente suficiente para deitar abaixo o primeiro.