quarta-feira, 28 de julho de 2010

possessão indomável

Perdoa-me a cobardia.

Tive medo, muito medo: medo de me arrepender, medo de o magoar, medo de arriscar... Fui cobarde e não consegui enfrentar-me. Desejei, desejei muito, mas na prática fali. Eu queria apenas um momento de prazer, uma instância, e depois desaparecer sem deixar rasto... Ama-me e esquece-me.
Um fogo invade-me da cabeça aos pés, dando-me arrepios, vontade de o esgravatar, de perder-me ali, naquele momento, e suores frios percorrem os meus poros, enquanto perco as forças rapidamente, de forma cada vez mais progressiva. Desejo ser racional em todos os meus passos, mas esse mesmo fogo impede-me de controlar o subconsciente que vive dentro de mim e não consigo lutar contra isso... perco-me cada vez mais, vou até ao fundo, descontrolo-me totalmente, mas saber que isso me dá prazer faz-me sentir fora de mim!
Eu sei que ele é louco por mim, a minha razão diz-mo, mas às vezes desejava não ter razão. De certa forma, põe-me fora de mim, possuindo-me de forma indomável.

Agora que já não tenho medo de o magoar, agora que já não tenho medo de arriscar, sou livre e isso faz-me feliz!
Agora quem vai viver sou eu. Chega de medos e imprecisões: é a minha vez de ser feliz!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Evanescence: Understanding

"You hold the answers deep within your own mind; consciously, you've forgotten them: that's the way the human mind works. Whenever something is too unpleasant or too shameful for us to entertain, we reject it. We erease it from our memory, but the imprint is aways there.
The pain that grips you (the fear that binds you) releases life in me. In our mutual shame, we hide our eyes, to blind them from the truth that finds a way from who we are. Please, don't be afraid when the darkness fades away: the dawn will break the silence screaming in our hearts. My love for you still grows: this I do for you, for I've tried to fight the truth, my final time.
We're supposed to try to be real and when you feel alone, you're not together, and that is real. Can't wash it all away. Can't wish it all away. Can't cry it all away. Can't scratch it all away, lying beside you, listening to you breathe. The life that flows inside of you burns inside of me. Hold and speak to me of love without a sound. Tell me you will live through this and I will die for you. Cast me not away, say you'll be with me... for I know I cannot bear it all alone.
You're not alone, honey, never, never!
Can't fight it all away. Can't hope it all away. Can't scream it all away. It just won't fade away! (...)
Nothing is ever really forgotten.
God, just don't hate me, because I'll die if you do."


Este é o tipo de composições que, apesar da conclusão religiosa e do meu ateísmo, acho muito interessante, ao contrário do que o próprio Ben Moody possa achar. Daria um bom teatro, um bom filme, uma boa carta, sei lá. Acho que está mesmo muito bonito.

a guerreira e o seu escudo


É fantástico ter um amigo. Um melhor amigo fica a nosso lado para sempre, ajudando-nos em todas as situações! Mentira.
Lembro-me de que, ainda há pouco tempo, não passavas tanto tempo comigo como com os outros. É claro que é muito mais divertido estar com pessoal animado do que com alguém triste. Talvez te tenhas esquecido de que eu não era triste, eu estava triste. Mas no fundo era a mim que idolatravas. Estranho...
Tu eras o meu herói. O homem que tinha crescido comigo (e que me tinha feito crescer!), aquele que assistiu às minhas maiores infantilidades, sendo assistido por mim também às suas. Tínhamos uma grande relação, há que admiti-lo. Simplesmente o tempo nos foi afastando... e quando chegou a hora do adeus, talvez te tenha magoado o facto de todos terem chorado, excepto eu. Talvez não tenhas entendido que sou verdadeira e que, embora popular, não sou exibicionista. A verdade é que por ti nunca nenhum amigo tinha chorado tanto como eu, pelo menos até àquele momento. E tu não o vias... mas sentia-lo, e o que se sente é mais profundo do que o que apenas se vê.
Lembro-me, também, de tudo o que fizeste por mim. Embora tenhas passado grande parte do teu tempo com os outros, sei que nunca os gozaste por determinadas acções, pelo motivo de não te preocupares com eles: o teu erro baseou-se numa má escolha do meio para atingir o teu fim, pois não sabias o quão destrutível o meu escudo é, e há que admitir que os teus argumentos não são os melhores. Tenho a certeza de ter sido isso e nada mais, pois ninguém me provocaria sem ser para causar uma reacção diferente em mim e magoa fisicamente alguém que me havia ligeiramente perturbado, nem muito menos abdica de todo o seu ouro, sendo este o seu bem material mais precioso, sem considerar que sou muito mais valiosa do que esse tipo de matéria.
Outra prova de afecto foi a tua visita, depois do adeus físico, a casa. Voltaste para nos ver a todos, e todos os que te viram mostraram entusiasmo por te ver: histeria até, talvez. Eu não me manifestei: permaneci, calma, no meio dos que te rodeavam, sem dizer uma palavra. Talvez tenham todos percebido da diferença que fazia entre eu estar ali e não estar, porque, por momentos, todos se afastaram e fez-se silêncio: foi então que, distraído, olhaste e não viste o coração que ainda respirava, entre rasgões e cicatrizes, à tua frente. Quando os teus olhos acordaram, um arrepio de surpresa te refrescou a vivacidade e senti um abraço caloroso confortar-me, envolvendo-me em terapias e curas imediatas. Ninguém ousou intervir nesse momento esplendoroso. Nem eu ousei deixar de me comover.
- Por que te queres afastar? Eu sei manter relações à distância.
- Eu não, embora lamente por isso.
Hoje, vejo-te como uma das pessoas que maior contributo teve na minha vida: és, de facto, memorável, embora nem sempre tenhas feito as melhores escolhas para ti e os que te envolvem; e hoje sei também que não é preciso fazer um grande esforço para continuarmos no pensamento de alguém, pois o sentimento que uma vez for especial, sê-lo-á para sempre.
- Tu já não confias em mim, Cármen: não te entendo.
No fundo, entendes-me melhor do que muitos, e sabes que a confiança que me faltou foi na vida, na minha própria pessoa: não em ti.
Talvez eu seja, de facto, triste; e quando um aperto assim tão forte me envolve, sei que te perdi... para sempre.