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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Pedaços de Memória que o Tempo Dissipou


     Ariana sentava-se entre as folhas que jaziam a seus pés, vivas e cansadas das viagens que faziam, quais pássaros guiados pelo vento. Estas folhas, que traziam mensagens de nostalgia, faziam-na perguntar-se a si mesma se valeria realmente a pena esperar tanto por algo que nem conhece, mas que sabe existir, porque o sente.
     A madeira humedecida que suportava os seus pensamentos dava-lhe o conforto necessário para falar à maresia dançante que coadjuvava a expansão do seu cabelo pelo ar, em movimentos ondulantes e surrealmente apaixonantes. A água salgada que não conseguia tocar beijava-a silenciosamente, tranquilizando os seus medos mais ferozes e libertando as pequenas mágoas que a sua esperança ia formando, à medida que provava a sua determinação em ser feliz, num mundo feliz.
     Ao longe, ouvia os sinos e os tambores, marcando o ritmo das vidas de todos os que não os mandavam tocar. Deste cais, era-lhe possível escutar com atenção o que estes sinais cantavam, e não meramente ouvir. Se pudessem ler as lufadas por de trás daquele sorriso calmo e ligeiro, veriam, em vez de simpatia, conspiração. Isso nunca tinha acontecido antes, porque ninguém se importa com o que alguém que não toca pensa ou sente, porque serão sempre meros pensamentos abstratos, dada a impossibilidade de ação. Limitações a que Ariana assistia passivamente, não obstante o brechtianismo interior que estava na base da força e da coragem que faziam de si uma mulher excecionalmente bondosa. E perigosamente contestatária.
     Mais perto, ouviu o seu nome ser aclamado por entre as encenações de vidas consideradas normais, à sua direita. De olhos arregalados e boca ligeiramente aberta, devido à constipação que refletir lhe provocara, virou o seu rosto, para compreender o que se passara. O seu cabelo esvoaçou de surpresa para o lado contrário e exibiu a magnitude de uma mulher esbelta e simples.
     E nunca acontecerá.

Detachment by *Eukendei on deviantART

segunda-feira, 5 de março de 2012

3. Carta aos teus pais

Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?


     «Acordei esta manhã com um sorriso na minha cara e ninguém me vai deitar abaixo hoje. Tenho sentido que nada tem corrido à minha maneira ultimamente, mas decidi aqui mesmo, agora mesmo, que as minhas perspetivas mudarão. É por isso que vou dizer adeus a todas as lágrimas que chorei, a todas as vezes em que alguém magoou o meu orgulho, a todas as sensações de que não me deixariam viver a vida, e dar um tempo para ver aquilo que é meu.
     Eu vejo cada oportunidade que tive e agradeço por tudo o que me deram.
    Eu acredito que me consigam tirar qualquer coisa, mas não poderão ter sucesso em me tirar a minha paz interior. Podem dizer o que quiserem sobre mim, mas eu vou continuar a aguentar. Eu vou continuar a cantar a minha música.
    Eu não quero habitar na dor de novo. Não vale a pena reviver o quanto eu sofri nessa altura, em relembrar demasiado bem o inferno em que eu me senti quando me estava a desviar da fé. Cada passo que eu der é a rumo de um dia melhor, porque eu me vou despedir de cada mentira e de todos os medos que guardei durante demasiado tempo, de todas as vezes em que senti que não conseguiria tentar, de todo o negativismo e conflito; porque há demasiado tempo que me tenho debatido, não conseguia continuar, mas agora percebi que me estou a sentir forte e que estou a seguir em frente.
   De todas as vezes em que tentei ser aquilo que queriam que eu fosse, nunca saiu naturalmente, por isso acabei na miséria. Estava incapaz de ver todo o bem à minha volta, ao desperdiçar tanta energia naquilo que achavam de mim -- em vez de simplesmente me lembrar de como respirar.
     Eu tomei uma decisão: nunca desistir, até ao dia em que morrer, independentemente do que for.
   Não conseguem tirar qualquer coisa de mim. Eu acredito que consigam fazer o que quiserem, dizer o que quiserem dizer. Podem dizer o que quiserem, mas eu vou continuar.
     Digam o que disserem, eu vou continuar a cantar a minha música.»
(adaptado)

domingo, 15 de janeiro de 2012

29. Carta à pessoa que queres contar tudo, mas estás demasiado receoso/receosa

Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.


        O coração aperta e aquece todo o corpo. Lembra-me a sensação de estar apaixonada, mas, na verdade, talvez não seja por isso. A melancolia abala-me, e eu sei que algo está errado. Ou será que aperta porque, ao pensar no que me entristece, lembro-me do que sinto falta?
     Por vezes, confundo a realidade com a ficção. Imagino acontecimentos, personagens, e esqueço-me do que, de facto, acontece. Vivo a ficção que a minha imaginação produz e sinto-a como se fosse real. Igualmente, quando certos acontecimentos ocorrem na realidade, menosprezo-os e não os consigo sentir. Isso prejudica-me na realidade.
     Costumo sentir saudades de quando isto não acontecia -- dos tempos em que existia realidade, e só realidade, e eu era apenas prejudicada por estar nela. Mas isso, na verdade, nunca aconteceu. Eu sempre vivi a ficção e a realidade, e sempre confundi um e outro cenário. A diferença entre o passado e o presente (e esse? Existe?) é que agora eu tenho noção disto -- e outrora não. Agora eu consigo aperceber-me do que se passa comigo. Antigamente, eu poderia jurar que tudo aquilo era realidade -- e, para mim, era.
        Se, então, eu sei o que me está a acontecer e isso me prejudica, por que não o mudo? Eu já provei no passado ser capaz de alterar a ordem das coisas e, inclusivamente, mudar o meu comportamento, quando achava que o devia fazer. A grande oposição é: eu não sei se o quero fazer. Eu não quero trocar as cores de um mundo por um mundo que não me faz feliz.
        Eu não quero continuar no compromisso de atividades que não me dizem nada e que me fazem deixar para trás o que me faz deslizar de satisfação. Quero continuar a acordar todos os dias com a motivação de ser um novo dia, com oportunidades para fazer novas coisas, sem lamentar o frio que está lá fora ou as horas de sono que não dormi. Não quero continuar a acordar todos os dias e pensar que adorava não ter de sair da cama. Estou farta deste ritmo que o mundo me impõe, mas que em nada é meu. Quero partilhar com os outros as coisas que sei e, com os outros, aprender novas coisas. Quero continuar a escrever com a paixão de um amor gigante. Quero deixar de fazer batuques discretos com os meus dedos e tocar, efetivamente, um piano. Quero sujar as telas e as folhas com tintas e carvão. Quero viver com a pessoa que mais amo numa casa discreta no meio da floresta. Ultrapassar esta insetofobia que, irracionalmente, me bloqueia e voltar às raízes de toda a humanidade, à simplicidade tão pura e sincera que originou toda esta comunidade corrupta. Porque sim, eu encontrei alguém que me ama assim, com quem quero partilhar toda a minha vida. Alguém que não só conhece toda a minha estranheza, como também a acha bela. Tenho excelentes amigos, acredita, que também gostam de mim, assim como sou. Sempre duvidaste de haver por aí alguém que fosse, mas essa dúvida não era pelas outras pessoas, mas sim apenas tua. Tu nunca aceitaste os mais pequenos indícios da pessoa que eu poderia ser e nunca aceitarás que eu seja como sou. Nunca serás capaz de amar quem eu sou e, portanto, não compreendes como é possível que mais alguém o seja. Tens os olhos cheios de preconceitos que te impedem de ver para além do físico. Eliminas, logo à partida, qualquer hipótese de ser positivamente surpreendido.
       Gostava de ter o conforto monetário que me permitisse quebrar todas estas regras que me prendem a um mundo cheio de stress. Mas então surgem os meus conhecimentos de economia a relembrar-me de que o dinheiro não aparece, nem desaparece, apenas muda de local -- e que, para eu conseguir ter muito dinheiro e realizar estes meus sonhos, é preciso que, à minha conta, haja muitas pessoas que ficam longe de saber o que é sequer sonhar. E eu sei que, mesmo que eu não contribua para tal, há-de haver sempre alguém que o faça. Mas eu não quero ser essa pessoa. Não quero ser também culpada pelas injustiças que me revoltam. Não quero matar a beleza que encontrei dentro de mim.
       Mas eu sei que não sou a única a sentir estas coisas e a sonhar desta forma. Pelo contrário, tal como eu, há-de haver muita mais gente que, aparentemente, não tem nada de errado, mas que, no fundo, gostava de continuar a ser criança. Por que têm de ser as crianças sempre a única referência de quem corre, ri, brinca, festeja, é sincera e espontânea, canta e dança? Pois eu não quero crescer, não nesse aspeto, e deixar de ser feliz. E eu sei, eu tenho a certeza, que a maioria esmagadora das pessoas sente esta mesma insatisfação dentro de si. Por que, então, não nos unimos todos e nos revoltamos contra este mundo que corrompe as almas?

Soul Meets Body by ~CARUTOS on deviantART

sábado, 7 de janeiro de 2012

É magia, a Natureza que os rostos beija

     Nestes campos de onde te escrevo, o Sol cedo nasce e tarde se definha.
     Venho, erudita, falar-te dos campos onde o dourado muito dura e pouco raia.
     Aqui, exatamente de onde prolifero a absurdez do meu amor, sinto as plantas em mim -- ou serei eu um pouco delas? As plantas, pois, dançam ao som da melodia dos nortes, que norteiam o sul do destino.



     A sua cor confundia-se com a branca luz que eternamente a abraçava. Juntas dançavam, como dois espíritos que se encontram, ao fim de uma longa busca. No ar ondulavam, almas gémeas de um processo proibido.
     Rodopiava ela, qual fada que se solta, e liberta no ar pozinho cintilante, que esvoaça e paira como pássaros ao redor do ninho. Pois os ninhos perfumava e deixava o seu louro cabelo partilhar a leveza da lavanda distante, de um carinho natural expelido. As partículas despedaçavam-se do seu denso peito e contaminavam o aroma com a subtileza de um salto sem esforço, sem gravidade, de umas pernas carnudas e esbeltas, findadas nos pezinhos delicadamente esticados. Compara-se a uma fada que voa, difundido calor com um sorriso inocente e harmonioso.
     Então, regressa aos braços de quem dela cuida, deixando-a brincar ao luar, sabendo ser toda aquela encenação uma sedução espiritual que lhe faz docilmente.
     Nestes campos onde o vento me beija o rosto, é feiticeira, a Natureza.


Midnight Fiel by ~ChemicalSunflower on deviantART

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Christina Aguilera: Stripped


Intro

Waited a long time for this.
It feels right now.
Allow me to introduce myself.
Want you to come a little closer,
I'd like you to get to know me a little bit better.
Meet the real me.

Sorry, you can't define me.
Sorry, I break the mold.
Sorry that I speak my mind.
Sorry, don't do what I'm told.
Sorry if I don't fake it.
Sorry I come so real.
I will never hide what
I really feel,
No way!

So, here it is:
No hype, no gloss, no pretense -
Just me
,
Stripped.



Pt. 2

Sorry if I ain't perfect,
Sorry, I don't give a - what?
Sorry, I ain't a diva.
Sorry just know what I want.
Sorry, I'm not a virgin,
Sorry, I'm not a slut.
I won't let you break me,
Think what you want.

To all my dreamers out there: I'm with you.
All my underdogs - ha! - I feel you.
Lift your head high and stay strong.
Keep pushing on.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

folhas que o vento sopra


Pelo mundo vagueio, fantasma da minha própria vida. Sombra esvoaçante, dançarina volante do vento, que me guia através deste mundo tempestuoso que me cerca.
Rasgões brancos de um projeto que outrora fora parcialmente meu - e que, embora moribundo, é hoje íntegro da minha autoria. Autoria essa que é negada, projeto que é rabiscado, amachucado, atirado para longe.
O vento tenta trazê-lo de volta ao lugar a que pertence, guiando-se unicamente pelo seu instinto de dever e autonomia, conferido pelo trapo de mim que ele deseja conduzir. Deste modo, esta condução torna-se violentamente torbulenta, principalmente porque o vento não desiste de encontrar o lugar prometido à bandeira agora, e em ritmo de recuperação desigual, semi-desfeita.
Porque não: a bandeira nunca conseguiu ser hasteada. Não tem casa que a sustente, e tem buracos de tecido que não conseguem ser cozidos sem que se note que não é essa a malha devida. Sem que não se note que as suas fendas não conseguem ser tapadas com motivos insubstituíveis. Único, cada pedaço rasgado.
Por isso, eu, fantasma da minha própria vida, que sou o vento e a sombra, o projeto e a dançarina, o sol e o mar; eu, que sou muito mais do que aquilo em que nada sou, canso-me de bailar sem coreografia definida, com probabilidades improváveis.
Com esperanças desfeitas, projetos rasgados. E, sobretudo, de calçada quebrada, sem pertença distinguível.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

cristalina sedução



Os seus pés caminhavam na diagonal, esperançosos de encontrar o motivo pelo qual o seu coração se atirava desmesuradamente contra a sua caixa torácica, num ritmo cada vez mais difícil de medir e impossível controlar. O suor das suas mãos era frio e transparecia a ansiedade que fazia o seu estômago contorcer-se e vibrar, qual arrepio profundo.
Estagnada no alto daquele lance de escadaria, ela sentiu o tempo parar por momentos, apenas para ela, num espaço que mais ninguém conseguiria presenciar, por mais que para tal se esforçasse: essa dinâmica metafísica que a fazia não sentir corpo e sentir só alma, uma alma de repente dormente após o alcance da sua frequência cardíaca máxima; esse segmento de reta que se debruçava dos seus olhos até a todo aquele corpo igualmente imobilizado, paralisado pelo aparecimento da surpresa por que esperara longos anos. Nessa pista que apenas nela, única corredora, ganhava formato, fez o seu corpo escorregar mais calmamente até à meta, onde largou o fôlego de uma vida esperançosa daquele repouso.
Despindo-se de tudo o que poderia colocar-se entre si e o seu prémio de consolação, pousou, qual pássaro fatigado, no calor do seio fraterno, cujo bafo se fazia sentir humidamente nos seus lábios. E, finalmente envolta pelos braços de um condutor que a protegia contra si carinhosamente, ela deixou a sua alma dançar ao ritmo da melodia que ambos compunham, demoradamente,  irresistivelmente.
A adoção do adagio enquanto ritmo mais expressivo da paz intensa que dos lábios humedecidos emanava, nada pacífico restando para as mãos, submersas à força a que não haviam resistido, revelou-se incapaz de saciar a reposição dos átomos que desempenhavam a função única de fazer cumprir as ordens que a mente havia deliberado, antes de adormecer em inconsciência aprazível. E foi assim que se deixaram subtilmente deslizar em larghissimo, coordenados inequivocamente em sintonia mística de origem desconhecida.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

28. Carta à pessoa que mudou a tua vida

Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.

Por vários motivos, que não competem a mais ninguém saber para além de ti.
Parabéns, meu amor, e que contes muitos mais, a meu lado e tão ou mais felizes como no tempo que temos atravessado.


«Words get trapped in my mind.
Sorry, I do not take the time to feel the way I do,
Because the first day you came into my life
My time ticks around you;

But then I need your voice,
As a key, to unlock all
The love that is trapped in me,
So, tell me when it is time
To say I love you.

All I want is you to understand
That when I take your hand
Is because I want to.
We are all born in a world of doubt,
But there is no doubt,
I figured out
I love you.

And I feel lonely for
All the losers that will never take the time to say
What was really on their mind. Instead,
They just hide away.

Yet, they will never have
Someone like you to guide them
And help along the way

Or tell them when it is time
To say I love you.
So, tell me when it is time
To say I love you

sábado, 10 de setembro de 2011

Christina Aguilera: Soar


When they push, when they pull, tell me: can you hold on?
When they say you should change, can you lift your head high and stay strong?
Will you give up, give in, when your heart is crying out that it is wrong?
Will you love you for you in the end of it all?

In life there is going to be times when you are feeling low
And in your mind insecurity seems to take control.
We start to look outside oursevles for acceptance and approval.
We keep forgetting that the one thing we should know is

Do not be scared to fly alone,
Find a path that is your own!
Love will open every door,
It is in your hands, the world is yours.
Do not hold back and always know
That all the answers will unfold.
What are you waiting for?
Spread your wings and soar!

The boy who wonders is he good enough for them
Keeps trying to please them all, but he just nevers seems to fit in.
Then there is the girl who thinks she will never ever be good enough for him:
Keeps trying to change and that is a game she will never win.

In the mirror is where she comes face to face with her fears:
Her own reflection, now foreign to her after all these years.
All of her life she has tried to be something beside herself,
Now time has passed and she has ended up someone else with regret.

What is it in us that makes us feel the need of keep pretending?
Got to let ourselves be.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Muse: Exogenesis Symphony


Overture

Aping my soul, you stole my overture.
Trapped in God's program, I cannot escape.
Who are we? Where are we? When are we? Why are we?
Who are we?
Where are we?
Why?
Why?
Why?
I cannot forgive you and I cannot forget.
Who are we?
Where are we?
When are we?
Why are we here?


Cross Polination

Rise above the crowds
And wade through toxic clouds,
Breach the outer sphere.
The edge of all our fears
Rest with you.
We are counting on you.
It is up to
You.

Spread
Our codes to the stars,
You must rescue us all!

Tell us!
Tell us your final wish,
Now we know you can never return!

Tell us!
Tell us your final wish,
We will tell it to the world!


Redemption

Let's start over again...
Why cannot we start it over again?
Just let us start it over again
And we will be good,
This time, we will get it...
We will get it right!
It is our last chance
To forgive ourselves.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Muse: Knights Of Cydonia


«Come ride with me
Through the veins of history,
I will show you how God
Falls asleep on the job.

And how can we win
When fools can be kings?

Do not waste your time
Or time will
Waste
You.

No one is going to take me alive!
Time has come to make things right.
You and I must fight for our rights!
You and I must fight to survive.»
MUSE - KNIGHTS OF CYDONIA LYRICS 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

em demência, em dor, em violência


Calem-se as vozes, cesse-se o pranto. Termine-se o ruído, finde-se a guerra.
Recomecemos este percurso de que nos absorvemos - em dor, em demência, em ordens desordenadas, em radicalismo, em violência.
Caminhemos por este chão molhado de musgo verdejante e deixemos que os rios continuem a sua função assídua de limpeza da terra que nós sujamos. Não queiramos ser mais rápidos do que eles e permitamos que as suas suaves brisas que passeiam pelos nossos rostos infiltrem os nossos aparentemente (e agora tão golpeados!) opacos corpos e varram de nós as impurezas de que resultam as cicatrizes que nos marcam.
Recomecemos, mas por um outro caminho.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bon Jovi: What Do You Got?


«Everybody wants something,
Just a little more.
We are making a living
But what are we living for?

A rich man or a poor man,
A pawn or a king:
You can live on the street,
You can rule the whole world,
But you do not mean one damn thing.

What do you got, if you ain't got love?
Whatever you got, it just ain't enough
.
You are walking the road, but you are going nowhere.
You are trying to find your way home, but there is no one there.

Who do you hold
In the dark of night?
You want to give up,
But it is worth the fight:
You have all the things that you have been dreaming of.

If you ain't got someone,
You're afraid to lose.
Everybody needs just one,
Someone,
To tell them the truth.

Maybe I am a dreamer,
But I still believe:
I believe in hope,
I believe that change
Can get us off of our knees. (...)

If you ain't got love, it is all just keeping score.
If you ain't got love, what the hell we doing it for?

I do not want to have to talk about it.
How many songs have I got to sing about it?
How long are you going to live without it?
Why does some somewhere have to doubt it?
Someday you will figure it out. (...)»

domingo, 21 de agosto de 2011

horas extraordinárias


Quando chegares a casa avisa-me, dizia o mostrador do seu telemóvel.
Ainda pensou em telefonar a avisar que tinha saído agora do trabalho e que estava a caminho de casa. Lembrou-se, no entanto, de ter ficado horas extraordinárias encafuada naquele laboratório e de ter perdido a noção do tempo.
Quatro e meia da noite, viu. Cinco horas após ter recebido aquela mensagem.
- Eu não tenho NADA a ver com isso! Percebes? Nada! Eu não quero saber disso! Estou-me nas tintas!
Ele já devia dormir e seria rude da sua parte acordá-lo para resolverem o que o seu mau humor havia causado. Agora, vinham-lhe à memória flashes da sua indelicadeza para com alguém que a amava e respeitava.
Sempre quis a seu lado alguém que a respeitasse e a amasse pela pessoa que era, ao invés do que era hábito acontecer, e agora que tinha alguém assim não lhe dava o devido valor, ou pelo menos assim achava. Parecia-lhe aquele homem merecer todo o carinho do mundo, mas que fazia ela?
- Olha, eu agora não posso falar, está bem? Estou a conduzir e não me posso enervar, para além de que não devo chegar ao trabalho neste estado. Nós depois falamos. Adeus.
Queria correr até ele, abraçá-lo, beijá-lo, passar veementemente uma borracha naquelas horas que se haviam passado antes de sair de casa. Dizer-lhe que o amava e que o queria a seu lado para sempre, porque, na verdade, queria-o mesmo. Perder-se sofregamente nos seus braços e beijá-lo como pela primeira vez. Entregar-se inteiramente ao corpo que detinha a mente que mais estimava. Tudo porque, de facto, sem saber se estavam bem, tudo à sua volta lhe parecia insignificante e melancólico: vazio e, simultaneamente, excessivamente preenchido.
Agia como se ele lhe fosse seguro e insensível. Como se pudesse esmurrá-lo verbalmente, que nenhuma das gotas de chuva que caíam nos vidros do carro fariam latejar o laço que o prendia a ela, qual âncora lançada ao mar. As âncoras, porém, também se içam e recolhem ao navio, quando há muita força de vontade para tal.
Fui uma bruta, pensou, enquanto libertava com brusquidão a mão do telemóvel, para apoiar a cabeça. No fundo, havia feito com ele o que os outros haviam anteriormente feito com ela, num egocentrismo egoísta e exagerado. Sabia que ele merecia muito mais do que aquilo e que ela era capaz de lho dar. Urgentemente, precisava de lhe pedir desculpa, mas agora já era tarde.
Desviou o caminho que a levava até casa. Com as chaves que ele lhe havia concedido, abriu a porta da casa dele o mais silenciosamente possível, de modo a que, na manhã seguinte, quando ele acordasse e visse que ela não lhe tinha telefonado, reparasse no corpo que vestia uma camisola sua e dormia a seu lado, quiçá por se mover e o sentir ou talvez por lhe enviar uma mensagem a perguntar Então? e ouvisse de imediato o destinatário a recebê-la, ali mesmo, no seu próprio quarto, compreendendo que, afinal, era apenas uma mulher arrependida e, no fundo, verdadeiramente inofensiva.

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terça-feira, 26 de julho de 2011

11. Carta a um falecido com quem gostavas de falar

Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.

so lonesome by ~C-h-r-i-s-P on deviantART

Todos os anos por esta altura o Sol deixa de brilhar para mim e recolhe-se por entre nuvens. O calor lá fora é substituído pela humidade dos céus, que me tenta tocar através destas janelas que me protegem. Cá dentro, porém, o calor não se desvanece; mas não consigo deixar de reparar na chuva que cai.
Passo a mão direita pelo braço esquerdo acima e deixo soltar um suspiro. Já há algum tempo que a tua voz não entoa nos meus ouvidos. Nesta cama revolta onde me sento de pernas cruzadas, lembro-me das vezes em que te erguias como uma muralha contra a violência exterior, para que esta fosse impedida de me tocar, ao embater no teu forte e corajoso peito.
De alguma forma, a tua ausência fez com que durante muitos anos eu não fosse capaz de me defender sozinha. Sem aquela barreira entre mim e o mundo, tornei-me uma pessoa vulnerável a qualquer ataque. Eu não estava preparada para enfrentar o mundo tão cedo, sabes? Estava habituada a aproveitar a calma ambiental que tu me fornecias para refletir, contemplar e ponderar. Assim, sem ti, fiquei ao sabor de qualquer rajada de vento, que me fez voar para sítios muito distantes - tão distantes que preferia nunca ter passado por muitos deles.
Muita coisa mudou desde então. Hoje estou adiantada na construção da minha própria muralha. Mas tudo isto apenas foi possível porque, a meio de um dos voos, encontrei um lugar onde devo ficar e te voltei a encontrar a ti: não fisicamente nem no exterior, mas dentro de mim.
Aqueles que amamos nunca nos deixam de verdade.  (Sirius Black)
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

E tu, pelo grande e admirável homem que foste, nunca me deixarás - nisso acredito veementemente.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

desagregantemente selados

Conteúdo para Adultos



A tarde cai sobre os estores semi-corridos da janela, deixando o quarto em tons azulados de cinza manchada. A presença dele é notória por algures atrás das costas dela, mas ela não o consegue localizar exatamente. Sente-se demasiado receosa para o encarar, mas demasiado ansiosa para querer partir.
Com um toque ligeiro das pontas dos dedos dele, ela sente o seu bafo quente arrepiar os cabelos na sua nuca, fechando os olhos delicadamente, quiçá para atenuar o efeito ou para o absorver com maior intensidade. A ligeira inclinação da sua cabeça fá-lo desejar apertá-la contra si, envolvendo toda aquela cintura com os seus braços. A observação do seu peito cuidadosamente arredondado arfar leva-o a sentir o seu estômago contrair-se enquanto se debruça mais sobre ela para lhe sugar o odor suave do seu pescoço com um leve percorrer do nariz, subindo levemente até à sua cara.
Ela estica toda a sua cabeça para trás, deixando que os lábios de ambos se colem com pouco movimento. Um novo beijo dele fá-la virar o seu tronco, segurar-lhe a nuca com veemência e penetrar o seu espírito com um dedicado beijo. Em retribuição, ele aperta-a contra si com um suspiro ininterrupto, usando as grandes mãos que possui para não a deixar ir. Ela diminui a intensidade com que o prende a si, fazendo as suas mãos deslizar suavemente pelo seu peito abaixo. Desperta o botão das suas calças e faz deslizar novamente as mãos peito acima. Ele desprende os braços da cintura dela e levanta-os, deixando-a atirar a sua única camisola para o chão.
Paralisado por momentos, contempla, com algum espanto, o quão longe chegou. Dobra as pernas, cerca as suas ancas e estica-se, levantando-a ao seu colo, enquanto caminha. Entrelaçando as suas pernas na cintura dele, vê-se ela, poucos segundos depois, encaixada no seu colo, ambos sentados na orla da cama. Ele beija-a dedicadamente, carinhosamente, sinceramente. Observa o seu rosto pálido e suave e vê as sombras das cortinas dançarem ao longo dos seus ombros, como se a sua própria pele branca fosse também rendada. Desejando revelar a sua palidez azulada, suavemente a despe e encontra-se deitado pelas delicadas mãos que o arrepiam e o completam sempre que lhe falta algo. Tinha por cima de si o corpo que reunia todo o seu desejo, a sua ambição, a sua satisfação e a sua plenitude - a sua mulher e a sua felicidade. Mulher essa que agora o protegia, preenchendo as suas fraquezas e entregando-lhe as suas em troca. Mãos essas que agora acompanhavam o movimento dos seus lábios sedentos de amor, que beijavam o seu peito como uma curandeira limpa uma ferida.
Ardentemente fez ela as suas mãos chegarem às maçãs do rosto dele, traçando o percurso inverso ao anteriormente caminhado. Aí, fez o seu corpo deslizar como uma alavanca ao encontro dos seus lábios, tendo as suas costas sido comprimidas contra aquele leito revolto. Envoltos um no outro, os seus corpos acharam-se virados e os seus lábios desagregantemente selados. E, finalmente despida, ela soube que era inseparavelmente, espontaneamente, livremente, verdadeiramente: dele.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Green Day: Song Of The Century


Sing us a song of the century
That is louder than bombs and eternity -
The era of static and contraband
Leading us into the Promised Land.

Tell us a story that is by candlelight,
Waging a war and losing the fight.
They are playing the song of the century:
(Panic and) promise and prosperity.

Tell me a story into that good night.
Sing us a song... for me.
GREEN DAY - SONG OF THE CENTURY LYRICS

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Alicia Keys: If I Ain't Got You

Para a minha Diana, por ser a melhor amiga que alguém pode ter.



«Some people live for the fortune. Some people live just for the fame. Some people live for the power, yeah. Some people live just to play the game.
Some people think that the physical things define what is within and I have been there before, but that life is a bore - so full of the superficial!
Some people want it all, but I do not want nothing at all if it ain't you, baby, if I ain't got you, baby.
Some people want diamond rings, some just want everything, but everything means nothing if I ain't got you, yeah.
Some people search for a fountain that promises forever young. Some people need three dozen roses and that is the only way to prove you love them. Hand me the world on a silver platter and what good would it be with no one to share, no one who truly cared for me? (...)
Nothing in this whole wide world do not mean a thing if I ain't got you with me, baby!»