domingo, 27 de fevereiro de 2011

desmotivação irracional

Há algumas horas que pousam na minha secretária uns quantos livros, que no computador estão janelas abertas e que algumas folhas pairam por aí. Diz um cabeçalho Sessentas Estrangeirados, mas os meus olhos desviam-se. Diz outro Ética Sofistica: o papel educativo da relativização dos valores. Mas não é de política, nem de bem, nem de Sócrates, nem de Cálicles, nem do liberalismo em Portugal, nem de estatística, nem de métodos eleitorais, nem de probabilidades que quero falar. Aliás, não quero falar. Sinto a saudade do teu abraço ao abrigo das árvores frescas de primavera e o único desejo que tenho é de correr para os seus braços, chorar no seu ombro e rogar-lhe que não vá embora. Mas não consigo arrepender-me do que disse, por mais que a estime, porque sei que estou certa.
Por isso, vou tomar banho. Talvez me passe a sensibilidade e me concentre na Razão, porque só ela me dá bons conselhos. E porque preciso de trabalhar e não me quero ir abaixo.



Por que raio arranjo sempre um motivo para ficar não feliz quando pareço estar bem?

o eco dos últimos passos


Estou deitada na minha cama. O relógio ainda não parou de me segredar que daqui a pouco é manhã e que ainda não dormi, os meus olhos ainda não pararam de me pedir que os deixasse descansar, mas as cortinas ainda não pararam de me sugerir que as seguisse.
- Vem, dança connosco!
O céu está limpo. Consigo ver cada estrela do meu futuro. Não há nuvens que se atropelem pelo caminho.
Sinto-me cansada de viver. Cansada de ultrapassar obstáculos, de enfrentar problemas e de dizer a mim mesma:
- Vou lutar contra tudo e contra todos os que acredito estar mal e, um dia, serei muito feliz.
Estou cansada de ser guerreira e de sonhar. Constantemente a minha força é golpeada e constantemente tento cicatrizar a dor.
- Irra! Nunca quis ser enfermeira!
Mas é nisso que toda a minha vida se tem baseado: batalhar, cair, levantar, limpar o sangue, batalhar, cair, levantar, limpar o sangue.
- Vem ser feliz, dança connosco!
Estou cansada de dançar, meu amor. Estou cansada de arriscar.
- Tu nunca dançaste connosco! Vem, vem ser feliz! Vem ver o que o futuro te espera!
E o que me acontece a seguir?
 Os meus olhos cansaram-se de me pedir para os deixar dormir. Já não querem saber. Levanto-me e vou até à janela. Passo por detrás das cortinas e abro a janela.
O vento acaricia-me o rosto e lava-me a dor. É como receber um forte abraço de carinho ou um terno beijo, depois de chorar compulsivamente.
- Tu não entendes que me magoas?! Não vês que eu nunca fui feliz? Não vês que nunca sorrio de contentamento? Não vês que me destróis lenta e dolorosamente? Não tens em conta a maneira como me fazes sentir?
- Eu quero lá saber disso! Tu, para mim, és como um negócio! Eu comprometi-me a lucrar x e vou até ao fim! Quero lá saber se isso te magoa ou não. És um objecto nas minhas mãos, sou eu quem te controla!
Suspiro. Por vezes, gostava de não me ter iludido com a ideia de que fazias tudo para me ver feliz, mas que não conseguias, mesmo por incapacidade, ver os efeitos secundários das tuas palavras e acções. Gostava de nunca ter prometido a mim mesma nunca sair de casa antes de tu morreres, nem mesmo para fazer uma família. Jurei cuidar de ti até aos teus últimos dias e, agora, gostava de nunca o ter feito.
Acaricio o parapeito da janela. Quantas vezes já não me tinha encontrado contigo, meu amor, por esta janela que dá para a floresta? Perdi-lhes a conta. Ao longo de todos estes anos, vento, tu foste o único que sempre esteve disposto a limpar a minha dor, para que eu pudesse reflectir, mesmo que fizesse calor. Tens sido o meu único porto seguro, o único motivo que tenho para dizer que não estou sozinha. E quantas vezes não quis eu pular daqui e tu me impediste? Quantas vezes não me lembraste das minhas promessas e dos meus ideais, e da minha Razão e da minha consciência? Tens sido o melhor e mais solícito amigo que tenho tido, ao longo de todos estes anos.
Mas hoje o céu está limpo. Consigo ver cada estrela do meu futuro. Não há nuvens que se atropelem pelo caminho.
- Vem, dança connosco! Vem ser feliz! Tu nunca dançaste connosco.
Talvez tenha sido esse mesmo o meu problema: nunca ter dançado convosco. Talvez nunca tenha arriscado o suficiente. Mas hoje o céu está limpo.
Olho o relógio. Ainda não dormi e é quase manhã. Todos dormem, pelos vistos. Uns vinte euros, algumas roupas confortáveis, um caderno, uma caneta e algumas peças de fruta e pão deverá ser suficiente.
Vou às portas. Todos dormem, ingénuos e crentes de que eu continuarei a arrastar, moribunda, mas terna, o meu perdão e a minha compaixão, após estes anos todos.
Não há volta a dar. Hoje o céu está limpo.
A mala espera-me, em cima da cama. Os vossos retratos abraçam-me enquanto menina e eu sorrio, desconhecendo no que me tornaria. A guitarra está à porta e chora, por mim. Não, eu não te vou deixar. Hás-de ser o meu álbum de recordações e tudo o que tenho.
Perdoem-me. Amo-vos demasiado para deixar que isto continue a suceder-se. Hoje o céu está limpo e consigo ver as estrelas do meu futuro. Não há nuvens que se atropelem pelo caminho.

 

sábado, 26 de fevereiro de 2011

viva a verdade!

 Inspirado em Tumblr: Your mother sucks cock in hell

adolescentes e paradoxos financeiros

- Apetece-me andar de barco! - diz a Diana - Porra, está decidido!
Eu sorrio, por achar engraçado encontrá-la tão determinada, quando ela costuma estar sempre tão vaga.
- Quando for milionária, vou comprar um veleiro e vai-se chamar Klerf!
- Ah, tu vais ser milionária?
- Vou, não sabias? - diz-me, feliz e sonhadora.
- Ou seja: tu, que és pobre e que sabes o que isso custa, queres ser milionária, para causar a pobreza dos outros?
- Não. Quero ser milionária para poder viver bem e poder ajudar os outros. - responde-me ela, felicíssima.
- Então não tens noção de que o dinheiro circula e, para haver milionários, é preciso que haja mais pobres?
- Eu sei... Foi só uma forma de falar. - diz-me, triste - Desculpa.
- Oh, para ajudares os outros, tens de dar o dinheiro que tens a mais e deixas de ser milionária.
- Claro.
- Aí sim, eu admirava-te ainda mais...
- Eu não quero ser milionária à toa. Eu disse que, quando for, compro um veleiro. Só isso, e com os meus gostos, já não fico tanto. Além disso, eu não consigo andar com muito dinheiro. Já estou tão habituada à pobreza que nem saberia o que fazer com tanto, portanto poupo e dou quando é preciso alguma coisa cá para casa.
Não estava a prestar atenção. Sonhava com ela a ser milionária, um dia, e dar grande parte do seu dinheiro aos que precisam mais dele do que ela, sem lhes cobrir imposto algum.
- É o que eu quero fazer, caso enriqueça muito - o que é improvável, visto que tudo indica que eu vá para Filosofia. Filosofia é o curso dos pobres! Desses labregos que vestem a camisa do dia anterior com buraco no sovaco! E depois que se armam em intelectuais, mas que põem fita-cola nos óculos! - Trocei eu, da minha futura desgraça.
- Also known as Harry Potter - Sorriu-me ela, igualmente despreocupada com isso.

Green Day: East Jesus Nowhere


And we will see how Godless as a nation we have become.
Raise your hands now to testify. Your confession will be crucified (your sacrificial suicide) like a dog that has been sodomized.
Stand up, all the white boys! Sit down, all the black girls. Stand up! You are the soldiers of the new world.
Put your faith in a miracle and it’s non-denominational. Join the choir, we will be singing in the church of wishful thinking.
A fire burns today of blasphemy and genocide. The sirens of decay will infiltrate the faith fanatics.
- Oh, bless me, Lord, for I have sinned! It has been a lifetime since I last confessed. I threw my crutches in the river of a shadow of doubt and I will be dressed up in my Sunday best.
- Say a prayer for the family, drop a coin for humanity. Ain’t this uniform so flattering?
- I never asked you a God damned thing. (...)
Don't test me, second guess me, protest me - you will disappear.
I want to know who is allowed to breed, all the dogs who never learned to read, missionary politicians and the cops of a new religion.
A fire burns today of blasphemy and genocide. The sirens of decay will infiltrate the inside.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

a liberdade, as paixões, a aparência e os adolescentes

Vi hoje no subnick dum rapaz com aproximadamente 15 anos a seguinte máxima:

Resisto a tudo menos há tentação.

Então a que é que resistes mesmo?, apeteceu-me dizer-lhe.
Isto é completamente estúpido. Ridículo.
Saberá este rapaz ao menos qual o oposto de ceder a tentações? Não é resistir-lhe? É que resistir é precisamente o contrário de cair em tentação. Se cai em todas as tentações, então a nada resiste. Se a tudo resiste, nunca cai em qualquer tentação - seja ela de que natureza for. Se cai em tentação, não resiste. Se resiste, não cai em tentação. Necessariamente.
E o pior - sei que todas as rapariguinhas que leram aquilo devem ter-se sentido agradavelmente provocadas, já para não falar que a maioria dos que aquilo leram devem ter elogiado o gajo pela sua capacidade intelectual ou ter pensado que ele é o maior, que é bué fixe, meu, que é mêm bacano, que é brutal. Um ignorante a seduzir ignorantes. Qual deles o mais triste?
É por estas e por outras* (como esta) que me sinto excluída e que às vezes sinto vergonha de me incluir nos jovens (ou pior, nos adolescentes) da minha idade.

* Exemplos. Hoje, na aula de História A:
P. Emília: Foi por isso que o Churchill...
R.: Quem é esse?
P. Emília: Tu não sabes quem foi o Churchill?!
R.: Ah! Sim, o Xurxil! Sei, claro que sei.
Cármen: Sabes? Então quem foi?
R.: Então, foi um... homem... muito importante.
(...)
Joana: Eu cá acho que devíamos apostar nos carros híbridos.
R.: O que é isso?
Duarte: Eu não acredito. Este gajo não sabe o que é um carro híbrido!
R.: Ah! Híbrido, sim, sei.
Cármen: (Murmura ironicamente.) Sim, sabes, claro que sim. Queres ver? (Mais alto.) Então o que é?
R.: Então! É um carro... movido a... electricidade.
Cármen: Então e o carro eléctrico é movido a quê? Água?

Ponho o teu nome abreviado porque eu teria vergonha de estar no teu lugar. Não é mandar-te abaixo, é confrontar-te com a verdade. Não é vergonhoso não saber ou ter dúvidas, é vergonhoso fingir que se sabe só para fazer boa figura, ser aceite pelos outros e não ser gozado. Isso sim, é vergonhoso.

As Entrelinhas do Dia dos Namorados

Outra entrada excelente de Ivar Corceiro. Desta vez, é sobre o quão ridículo o Dia dos Namorados é. Leiam, é de linguagem e forma acessíveis, é sintético, rico e curto.

Não Compreendo as Mulheres: Desprezem o dia dos namorados

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Christina Aguilera: The Voice Within


Young girl, do not cry; I will be right here when your world starts to fall. Young girl, it is all right; your tears will dry, you will soon be free to fly.
When you are safe inside your room, you tend to dream of a place where nothing is harder than it seems; no one ever wants or bothers to explain of the heartache life can bring and what it means.
When there is no one else, look inside yourself - like your oldest friend, just trust the voice within! Then, you will find the strength that will guide your way - you will learn to begin to trust the voice within.
Young girl, do not hide; you will never change if you just run away. Young girl, just hold tight; soon you are going to see your brighter day.
Now, in a world where innocence is quickly claimed, it is so hard to stand your ground when you are so afraid! No one reaches out a hand for you to hold. When you look outside, look inside to your soul. (...)
Life is a journey - it can take you anywhere you choose to go. As long as you are learning, you will find all you will ever need to know. Be strong, you will break it! Hold on, you will make it! Just do not forsake it, because no one can tell you what you cannot do - no one can stop you. You know that I am talking to you! (...)

Casamento, amor e dinheiro

Aqui fica uma entrada de blogue que apreciei bastante. É acerca da inutilidade sentimental e racional do casamento, que está vinculado com interesses materiais e económicos, que nada têm a ver com o conceito de Amor. Veio a propósito duma reflexão que o autor, Ivar Corceiro, iniciou ao ver o programa Say Yes To The Dress, onde as noivas norte-americanas escolhem o vestido ideal para usarem no dia de casamento.

 Não Compreendo as Mulheres: Say No to the Dress

domingo, 20 de fevereiro de 2011

your favorite song comes on the radio

You start freaking out like:








Then you start belting it out like:











And everyone looks at you like:









But you just keep belting it out like:









Then someone turns off the radio to make you stop singing










So you keep singing anyway










An then everyone looks at you like:










But you just keep doing your thing.

fazer bolachas à boa moda dos metaleiros


sábado, 19 de fevereiro de 2011

O aniquilamento


Vivo sozinho desde criança, fiquei órfão desde muito cedo. A morte dos meus pais no acidente rodoviário deixou-me completamente desamparado.
Eu estava lá, fui o único sobrevivente juntamente com a minha irmã.
Tive de me desenrascar sozinho. Aprendi a cozinhar, aprendi a ser responsável, aprendi a cuidar da minha irmã mais nova.
As minhas infância e juventude estavam estragadas. Tinha de seguir em frente, mas aquelas imagens ficavam presas à minha memória. Sempre sentia um vazio enorme no meu coração.
Não tive a hipótese de outras pessoas: de ir para a escola, aprender a ler, a escrever, a conhecer outras pessoas.
Quando saía de casa, via sempre aquela criança feliz de mãos dadas com os pais. Aquela vida era completamente fantástica: a relação, a cumplicidade... encontravam-se lado a lado, juntas e inseparáveis.
Eu encontrava a paz de espírito no meu quarto. Refugiava-me naqueles retratos, imagens, recordações, lembranças, vídeo que sempre via, daqueles pais maravilhosos que sempre estimei.
Eu sabia que não estava sozinho - tinha a minha irmã, querida, espantosa, com aquele brilho no sorriso, com aqueles cabelos encaracolados pretos, com aqueles olhos de azeitona maravilhosos.
Tomei uma decisão importante. Fui trabalhar numa oficina de automóveis. Aquele óleo era um quebra-cabeças. Sujava-me sempre, mas era suposto sujar-me e compreendia. Ganhava mal, mas sempre era alguma coisa, dava para as despesas, enquanto via sempre a minha irmã crescer.
Agora ela já é uma senhora: cresceu muito, está da minha altura. Eu ensinei-a a cozinhar e fiquei espantado comigo próprio, com as minhas invenções na cozinha.
Certo dia, ela foi buscar flores num jardim e apaixonou-se por um rapaz humilde, simpático, que não a deixou mais. Eles casaram-se.
Eu ficava sozinho naquela casa velha, mas feliz porque ela seguiu a felicidade e casou com a pessoa que amava. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde também eu iria encontrar a pessoa certa, ideal, perfeita para mim. Esse dia chegou. Ela era linda, deslumbrante, cabelos louros, olhos azuis como o céu, cor de névoa. Comecei então a falar com ela, tímido e envergonhado com tanta beleza introduzida naquela pessoa magnífica que estava à minha frente. Naquele momento, senti-me o homem mais feliz do mundo. Eu amava-a tanto que não a largava, nem ela a mim.


Entretanto, a minha irmã teve filhos e eu ia-me casar com ela. No dia do casamento estava muito nervoso. Cheguei à igreja, muitas pessoas conhecidas e desconhecidas que tive a oportunidade de conhecer; ela demorava muito, mas isso faz parte da tradição. Ela saiu de casa, vestida de branco; o pai dela estava a conduzir e embateram contra uma árvore. Eu recebi a notícia mais tarde. Fiquei de coração partido, não queria acreditar no que me estava a acontecer: tinha perdido mais uma pessoa que amava; fiquei destroçado, fechei-me em casa, nunca mais saí.
Num dia, caí das escadas, não sobrevivi.
Tinha partido para um mundo onde precisava de ser feliz, onde poderia ver as pessoas que tinha perdido e matar as saudades que me tinham consumido.

Ruben Zacarias

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

o caminho correcto

As nossas esperanças sobre o estado futuro da espécie humana reduzem-se a estes três pontos: a destruição da desigualdade entre as nações, os progressos da igualdade num mesmo povo, enfim, o aperfeiçoamento real do Homem.
Chegará assim o momento em que o Sol iluminará sobre a Terra homens livres, não reconhecendo outro mestre além da sua Razão.

 Condorcet; Quadro dos Progressos do Espírito Humano

24. Carta à pessoa que te deu a tua melhor memória

Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.
Fábio Luís - 9 Nov., 2008
Lindo ?
Dass linda ez tu krl !
Bahh ez bue __
<3   ;)
Tenho saudades tuas, confesso.
Tenho saudades da tua amizade. Éramos tão ingénuos... e tão queridos um com o outro. Éramos sinceros, puros e tão unidos! Sentia-te tão pegado a mim, com uma força inexplicável... Adorava-te. Era fantástico.
Não tenho saudades tuas enquanto namorado, mas aquilo que nos unia maravilhava-me. Quando estive contigo foi fantástico: adorava estar abraçada a ti – era um momento único. Sei que não exagerava. Eu teria dado tudo por ti, nem que fosse só mesmo pela amizade. Disseram ser obsessão... mas eu tenho as minhas dúvidas. Eu não desesperava por ti. Ter-te a meu lado ou saber que irias esperar por mim acalmava-me. Eu não te desejava com ardor, o pensamento de ti trazia-me harmonia e paz - e eu sentia-me equilibrada.
Fábio Luís - 8 Nov., 2008
Bahhh ezZme bue! >.<
dezeju td de bom pa ti , poiz tu u merexex ;)
P.S-(esta foto ja é minha =Pp)
bjx*  By-'Kyanu
E sentia-me tão protegida e segura!
Às vezes idealizava-te como um anjo guardião.
Mas conforme vieste, foste-te... tal como um anjo.
E – é impressionante – eu nunca fiquei magoada com ele pelos teus erros. Quando me deixaste, não chorei. Suspirei, apenas, por ver aquele anjo partir.
Mas quando te quiseram tirar de mim à força desesperei. A imagem da tua instabilidade, da tua mágoa, do teu sofrimento, do teu desespero... deixava-me fora de mim. Acho que nunca sofri tanto por sentir alguém sofrer. Tu eras tão delicado! Tão bom...
Uma verdade é que nunca mais senti algo assim por ninguém. Não acredito que haja uma cara-metade por aí fora – mas se houvesse, terias sido tu; nem acredito que os nossos destinos se cruzem irremediavelmente... não acredito na existência dum destino – mas para a definição de O Tal, tu eras o ideal. Tu foste, de facto, O Tal para mim - por ti teria arriscado tudo. Não, não digo o melhor para mim, o perfeito, o mútuo; mas aquele, o anjo, por quem teria sacrificado a minha vida, sem esperar nada em troca. Se tu sentias o mesmo por mim, isso era indiferente.
Poderia ter resultado bem. Sinceramente, ainda hoje não me parece que teria sido um erro... Não me arrependo de nada – e eu costumo ser tão pessimista! Aprendi tanto contigo... Aprendi a esquecer o ciúme e o orgulho, a perdoar a traição, a tolerar o diferente, a observar o exterior, a entender o próximo… fizeste-me crescer tanto! Caso contrário, como teria eu mudado por ti?

Obrigada por, um dia, teres feito parte da minha vida.


masoquismo ou culto próprio?

 
Se, por um lado, forçar-me a fazer algo pode ser encarado como um masoquismo, porque um desafio desta ordem trar-me-á mais trabalho e forçar-me-á a rever memórias e sentimentos que tenho enterrado; por outro lado, será uma tempestade que forço a cessar. O rio Trancão está razoável na superfície, mas, como diz o meu professor de Geografia A,
- Que ninguém se lembre de remexer o que está no fundo!
Ora a isto diria a minha cara amiga Sílvia:
- Por que não?
Ela acharia que a limpeza do rio seria árdua, mas depois de toda a sujidade levantada e removida, apenas a água límpida correria... E talvez ela tenha razão.

Tudo isto para dizer que vou aceitar um desafio proposto por ela, que consiste em cumprir uma lista de cartas (embora que nunca entregues realmente) que forçam a imaginação e o confissão de memórias - o que me potencializará a escrita e me libertará de pesos mortos, tornando-me, quer num aspecto, quer noutro, mais forte.

Eis a lista:
  1. Carta ao/à teu/tua melhor amigo/amiga;
  2. Carta à tua paixoneta;
  3. Carta aos teus pais;
  4. Carta ao/à teu/tua irmão/irmã (ou o mais relativamente próximo);
  5. Carta aos teus sonhos;
  6. Carta a um estranho;
  7. Carta ao teu/tua ex-namorado/ex-namorada/antigo amor/antiga paixoneta;
  8. Carta ao teu amigo da internet favorito;
  9. Carta a alguém que desejavas conhecer;
  10. Carta a alguém com quem não falas tanto quanto desejarias;
  11. Carta a um falecido com quem gostavas de falar;
  12. Carta à pessoa que mais odeias/que te causou muita dor;
  13. Carta a alguém que desejavas que te perdoasse;
  14. Carta a alguém de que te afastaste;
  15. Carta à pessoa de quem mais saudades tens;
  16. Carta a alguém que não está na tua cidade ou país;
  17. Carta a alguém da tua infância;
  18. Carta à pessoa que desejavas puder ser;
  19. Carta a alguém que importuna a tua mente - positiva ou negativamente;
  20. Carta àquele/àquela que mais destroçou o teu coração;
  21. Carta a alguém que julgaste à primeira vista;
  22. Carta a alguém que tu queres dar uma segunda oportunidade;
  23. Carta à última pessoa que beijaste;
  24. Carta à pessoa que te deu a tua melhor memória;
  25. Carta à pessoa que tu sabes que está a passar pelos piores tempos;
  26. Carta à última pessoa a quem fizeste uma promessa do dedo mindinho
    Carta a alguém que te inspira;
  27. Carta à pessoa mais amigável que conheceste por um dia;
  28. Carta à pessoa que mudou a tua vida;
  29. Carta à pessoa que queres contar tudo, mas que estás demasiado receoso/receosa;
  30. Carta ao teu reflexo no espelho.
Vamos ver como me dou com isto.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

será preciso dizer alguma coisa?

 


Uma entrada dedicada à Sílvia.

os rapazes das redes sociais

LolSnaps: Photoshop Fail


É o que dá ser exibicionista no século XXI.

"bela merda"

severamente atraente

quero ter um filho assim

a beleza no paradoxo

Christina Aguilera: Walk Away



What do you do when you know something is bad for you and you still can't let go?
I was naive. Your love was like candy: artificially sweet. I was deceived by the wrapping. Got caught in your web and I learned how to bleed. I was prey in your bed and devoured completely, and it hurts my soul, because I can't let go.
All these walls are caving in, I can't stop my suffering. I hate to show that I have lost control, because I - I keep going right back to the one thing that I need to walk away from.
I need to get away from you. I need to walk away from you. Get away. Walk away. Walk away.
I should have known I was used for amusement. Could not see through the smoke it was all an illusion. Now I have been licking my wounds, licking my wounds... but the venom seeps deeper, deeper, deeper! We both can seduce, but, darling, you hold me prisoner. Prisioner!
Oh! I'm about to break. I can't stop this ache. I'm addicted to your allure and I'm fiending for a cure. Every step I take leads to one mistake, (...) getting nothing in return. What did I do to deserve the pain of this slow burn? And everywhere I turn I keep going right back to one thing that I need to walk away from!
I need to get away from you. I need to walk away from you.
Everytime I try to grasp for air I am smothered in despair - it is never over, over. Seems I never wake from this nightmare. I let out a silent prayer: let it be over, over. Inside I'm screaming, begging, pleading no more!
Now - what do I do? My heart has been bruised! So sad... but it's true. Each beat reminds me of you. (...) Oh, I can't mend this torn state I'm in. (...)
The only thing I need to do is walk away. (...)

 












sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

o desalento total

Estava sentado num banco de jardim e a chuva confundia-se com as minhas lágrimas. Eu era apenas mais uma criança no mundo, infeliz com a vida que levava. Esperava agora um pouco de paz que pudesse acalmar a minha alma triste e ansiosa.
Eu via o mundo à minha maneira: solitário, infeliz e perigoso.
E interrogava-me o porquê da minha existência. E foi então que surgiu uma voz vinda do nada, sussurrando aos meus ouvidos, como se fosse um segredo ou um desabafo. A resposta foi tão directa e arriscada que me pôs a pensar durante prolongados minutos.
Após o pensamento tão impuro e intolerante, o vazio apoderou-se de mim, uma mágoa destruía a pouco e pouco o meu coração, era difícil de explicar.
Eu estava sozinho, sem ninguém, no mundo inventado, no mundo onde sabia que nunca poderia ser feliz, tentando viver das ilusões e das lembranças da minha memória.
As pessoas que gostavam de mim, essas estão longe e, por mais que tente esquecê-las, elas assombram-me todos os dias como fantasmas e demónios.
A minha vontade era de me querer suicidar, eu considerava-me um desconhecido, vendo que a morte a única solução para acabar com o meu sofrimento.
Só uma pessoa me conseguia compreender: era Deus - parece que existia, embora não tivesse provas para acreditar na sua existência.
Este "Deus", alma divina, talvez fosse apenas e só um anjo criado por mim, para ter pena, que surgia à minha frente para me dar conforto, para me dar conselhos; estes, por mais que fossem verdadeiros, eram rejeitados pela minha teimosia, como se estes me fossem prejudiciais. Mas também só podia confiar, porque Ele tinha experiência de vida e sabia o que estava realmente a dizer, procurando o meu bem.
No Universo, onde ele supostamente vivia, o mundo era muito diferente do meu. Era um mundo fantasioso, com base em contos de fadas. Este era o mundo que eu idealizava para mim, sabendo que não existia.
Este indivíduo representava uma força irresistível contra um obstáculo imemorável. Esse obstáculo era a minha teimosia, que me impedia de guiar para o caminho mais correcto e verdadeiro.
Naquele momento cheguei à conclusão que se Deus pode tudo e tem poderes para isso, eu também posso - não sou diferente, não sou excepção, embora seja uma simples criança à procura de harmonia e felicidade.
 Ruben Zacarias



Satisfeitos, idiotas? É isto que vocês fazem alguém sentir, quando o excluem, quando com ele gozam, quando lhe apontam o dedo, sem lhe darem a oportunidade de estar sequer correcto.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Phising e a Religião

Lê, por favor!
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino e seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu - o pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amen.
Este ano tudo decorrerá bem contigo, não interessa o quanto os teus inimigos te querem mal, porque eles não irão ter sucesso. Foste destinado a ultrapassar os obstáculos e, certamente, a alcançar os teus objectivos. Para todo o 2011, todas as tuas agonias serão desviadas do teu caminho e a vitória e a prosperidade chegará em abundância. Hoje, DEUS confirmou o fim dos teus sofrimentos, mágoas e dor porque ELE, que se senta no trono, lembrou-se de ti. Ele afastou as dificuldades da vida e deu-te alegria. Ele nunca te decepcionará. Esta manhã, bati à porta do céu e Deus perguntou-me:
- Meu filho! O que posso fazer por ti?
E eu disse:
- Pai, por favor, abençoai a pessoa que lê esta mensagem.
Esta é uma oração (novena) de Madre Teresa de Calcutá que começou em 1952. Nunca foi quebrada. Dentro de 48 horas envia 20 cópias para amigos e família (ou tantas quantas puderes). Deus sabe se tens ou não 20 pessoas para a enviares. O que conta é o esforço e a intenção. Esta é uma Novena poderosa. Por favor, não quebres.

 Pior do que acreditar em Deus, para mim, é aproveitar a crença dos outros para os fazer agir conforme queremos - manipulação. Os e-mails deste tipo ao chegarem à minha caixa de correio serão sempre encaminhados para o Correio Electrónico Não Solicitado (Spam). Não percam o vosso tempo comigo.

Ah - e só mais uma coisa: em 1952 já existia uma rede de internet que permitisse criar correntes, de forma a enviar e-mails destes em 48 horas a 20 pessoas?