Venho, erudita, falar-te dos campos onde o dourado muito dura e pouco raia.
Aqui, exatamente de onde prolifero a absurdez do meu amor, sinto as plantas em mim -- ou serei eu um pouco delas? As plantas, pois, dançam ao som da melodia dos nortes, que norteiam o sul do destino.
A sua cor confundia-se com a branca luz que eternamente a abraçava. Juntas dançavam, como dois espíritos que se encontram, ao fim de uma longa busca. No ar ondulavam, almas gémeas de um processo proibido.
Rodopiava ela, qual fada que se solta, e liberta no ar pozinho cintilante, que esvoaça e paira como pássaros ao redor do ninho. Pois os ninhos perfumava e deixava o seu louro cabelo partilhar a leveza da lavanda distante, de um carinho natural expelido. As partículas despedaçavam-se do seu denso peito e contaminavam o aroma com a subtileza de um salto sem esforço, sem gravidade, de umas pernas carnudas e esbeltas, findadas nos pezinhos delicadamente esticados. Compara-se a uma fada que voa, difundido calor com um sorriso inocente e harmonioso.
Então, regressa aos braços de quem dela cuida, deixando-a brincar ao luar, sabendo ser toda aquela encenação uma sedução espiritual que lhe faz docilmente.
Nestes campos onde o vento me beija o rosto, é feiticeira, a Natureza.
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