terça-feira, 25 de outubro de 2011

cristalina sedução



Os seus pés caminhavam na diagonal, esperançosos de encontrar o motivo pelo qual o seu coração se atirava desmesuradamente contra a sua caixa torácica, num ritmo cada vez mais difícil de medir e impossível controlar. O suor das suas mãos era frio e transparecia a ansiedade que fazia o seu estômago contorcer-se e vibrar, qual arrepio profundo.
Estagnada no alto daquele lance de escadaria, ela sentiu o tempo parar por momentos, apenas para ela, num espaço que mais ninguém conseguiria presenciar, por mais que para tal se esforçasse: essa dinâmica metafísica que a fazia não sentir corpo e sentir só alma, uma alma de repente dormente após o alcance da sua frequência cardíaca máxima; esse segmento de reta que se debruçava dos seus olhos até a todo aquele corpo igualmente imobilizado, paralisado pelo aparecimento da surpresa por que esperara longos anos. Nessa pista que apenas nela, única corredora, ganhava formato, fez o seu corpo escorregar mais calmamente até à meta, onde largou o fôlego de uma vida esperançosa daquele repouso.
Despindo-se de tudo o que poderia colocar-se entre si e o seu prémio de consolação, pousou, qual pássaro fatigado, no calor do seio fraterno, cujo bafo se fazia sentir humidamente nos seus lábios. E, finalmente envolta pelos braços de um condutor que a protegia contra si carinhosamente, ela deixou a sua alma dançar ao ritmo da melodia que ambos compunham, demoradamente,  irresistivelmente.
A adoção do adagio enquanto ritmo mais expressivo da paz intensa que dos lábios humedecidos emanava, nada pacífico restando para as mãos, submersas à força a que não haviam resistido, revelou-se incapaz de saciar a reposição dos átomos que desempenhavam a função única de fazer cumprir as ordens que a mente havia deliberado, antes de adormecer em inconsciência aprazível. E foi assim que se deixaram subtilmente deslizar em larghissimo, coordenados inequivocamente em sintonia mística de origem desconhecida.

12 comentários:

H. Santos disse...

O melhor de tudo, é o ultimo tag, cada vez maior ;D

Anónimo disse...

H. Santos: Não Ficção?

H. Santos disse...

Peça =)

Sílvia disse...

Magnifique! :D

Anónimo disse...

H. Santos: Tu confundes-me.

S.: Merci bien. :) Sabia que ias gostar, mais não fosse apenas pela música. eheh

Andreia André disse...

Adoro este "textinho"! a música é just perfect*
-Andei viciada nesta musica a uns anos atrás x)

Anónimo disse...

é capaz de ser verdade. obrigada pela visita! :)

Anónimo disse...

Andreia André: É verdade. Eu emociono-me a ouvi-la, bate forte cá dentro...
Obrigada. :)

Mafalda: De nada. :)

Sophie disse...

Olá! Adoro essa música, ou melhor, eu gosto imenso de Evanescence! :D Tens um dom de te expressar fenomenal! :D Já para não falar que te acho uma pessoa muito culta, mais uma vez adorei! :D Obrigada pelos teus simpáticos comentários que me deixam sempre com um sorriso! :D Quanto aos nomes... eu gosto de alguns mas se me dessem a escolher um nome português e um inglês para mim, eu escolheria o inglês :) Também dependia de qual fosse ;) Quanto à história, depois as coisas vão começar a fazer sentido! haha Muito obrigada pelos elogios! ^^ beijinho!

Anónimo disse...

Hayley Nya*: Há nomes em inglês que me fascinam também, confesso que, muitas vezes, me sinto tentada a utilizar um quando atribuo nomes às minhas personagens.
Olha, sinceramente não me considero assim tão culta como isso, embora saiba algumas coisas. ^^;
E, relativamente, aos comentários, eu chego ao ponto de ficar logo expectante quando vejo Hayley Nya* a negrito na minha caixa de correio... :)
E, mais uma vez, obrigada. :)

Anónimo disse...

Wooow Gostei imenso deste texto. É tipo, há aqueles textos que são lamechas até dizer chega, este é do género natural, verdadeiro, não sei bem explicar xD

Anónimo disse...

Victória J. Esseker: Talvez te pareça sinceramente delicado. Há uns tempos atrás eu achava muita coisa romântica pirosa, havendo algumas exceções, naquilo que me parecia verdadeiro. :)