Sinto-me... a mais. Não gosto quando estendo a roupa e sei que estás a observar a forma como o faço. Não gosto quando finjo dormir e vens ver se estou bem. Não gosto quando estou a comer e vês como separo o que é comestível do que é para ir fora. Não gosto quando canto e tu escutas. Não gosto quando leio e ficas a apreciar a minha intelectualidade. Não gosto quando me perguntas por que estou triste. Nem gosto que converses comigo a fim de compreender o que penso ou sinto. Não gosto quando eu comento uma notícia e deixas de olhar para o telejornal para prestar atenção ao que eu digo. Não gosto quando me dizes que me achas bonita. Não gosto que leias o que escrevo. Nem gosto que acertes no que toca ao que estou a pensar ou a fazer. Não gosto que me faças sair cá para fora ou que tentes entrar cá para dentro.
- Andas muito contra-vontade. Andas muito arreliada com a vida. Não andas feliz.
A grande dúvida é: alguma vez o fui?
Não gosto, repito, não gosto que me dês atenção.
Faz o que quiseres, mas, por favor, ignora-me.
5 comentários:
Isso só tem um nome: medo.
S.: De me envolver em relações humanas e de me expor, sim. Também eu o tenho. E não sei ao certo porquê.
Também eu. Mas é mais terror --'
S.: Outra coisa que não compreendo. Medo de quê? De nos revelarmos? Porquê? Porque temos vergonha de nós próprios? Não acredito nisso, não no meu caso... Porque temos medo de nos magoarem? Acabamos sempre por nos magoar, quer estejamos sozinhos ou acompanhados.
!uando nos passam a vida a apontar defeitos, temos medo que as outras pessoas façam o mesmo porque não queremos voltar a sentirmo-nos daquela forma.
Eu, por exemplo, sou tão medricas que tenho medo de falar nas aulas, porque podem gozar-me. É rídículo mas foi sempre assim.
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