sexta-feira, 29 de outubro de 2010

singularidade

Não me digas o que fazer: diz-me que eu posso fazer algo.
Não me dês definições: dá-me o desejo de as fazer. Não me faças ser alguém na vida: faz-me entender que posso ser alguém na vida. Não me dês aquilo que nunca te deram: dá-me aquilo que só tu me podes dar. Do mesmo modo, não me dês aquilo que eu posso encontrar sozinho. Não me dês o que desejo, nem me proíbas de o ter: faz-me tê-lo depois de o merecer. Faz-me lutar, mas não me dês a vitória, mas não permitas que eu vá de encontro a esta. Mostra-me que sou capaz. Mostra-me que posso ser grande e inteligente e verdadeiro e que não devo deixar que me espezinhem ou seduzam. Faz-me ser individual e colectivo, em simultâneo. Não me faças, contudo, ser egoísta e massivo. Faz-me antes ter pensamento próprio e saber que, em união, podemos fazer a diferença, para melhor. Faz-me entender que as manifestações são importantes e que não tenho de acarretar ordens que vão contra quem julgo ser, nem deixes que aceite sequer o que é bom sem que reflicta acerca disso. Faz-me entender que não sou inútil e que todos podemos ser muito bons e importantes, que o bom não tem que ser atribuído por sorte. Deixa que seja eu a descobrir-me e ao mundo, deixa que explore a vida.
Não me dês conteúdos, faz-me criar formas. Já tive de aceitar ficar aqui dentro tanto tempo... permite-me que seja eu quem agora me governe!

Isto é o que o grito de um filósofo recém-nascido representa.

1 comentário:

Sílvia disse...

Este post está fantástico!