quarta-feira, 15 de junho de 2011

30. Carta ao teu reflexo no espelho

Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.

Passaste horas deitada em cima dessa cama. Daí não sais, nada fazes. Aparentas, mas não és tocável. És o melhor exemplo da inalcansabilidade da realidade noménica.
E orgulhas-te do que tens de bom. Gostas de fazer levantar a tua já tão incomum juba preta e dos contornos físicos que moldam uma conjuntura de hormonas, cadeias de pensamento e impulsos eléctricos que te fazem funcionar, da forma como pelo menos pensas que queres funcionar.
Sentas-te e olhas indiferentemente para o teu corpo, meio despido.
"Tanto desperdício", pensas. "Tantas raparigas que gostavam de poder ter o que eu estrago."
E queres parar. Mas não basta querer.
Levantas-te. Mostras-te-me através do espelho. Gostas de te ver com essas calças e gostas do estilo que adoptaste, que te retrata tão bem: salienta aquilo que gostas e esconde aquilo que queres esconder.
Passas tecido pelos braços e assim tapas as marcas do erro que não consegues parar de cometer. Quantas vezes não prometeste já que não o repetirias? "Mais um pouco, menos um pouco... a diferença não é muita, porque o necessário é que seja de raiz." Anseias pela consulta com o dermatologista, em que vais fingir que não ouves o sermão que ele te dará ou o espanto ou repúdio que sentirá ao ver-te. Mas está tudo na tua mente. Nada disto é repugnante. Não para mais ninguém que já te viu esse defeito. Mais ninguém parece achar que isso tenha qualquer impacto. Gostam de te ver assim mesmo, apreciam-te mesmo com isso. Só a ti te incomoda. Não podes esconder-te tanto, com tanto calor. E isso incomoda-te. Mas apenas a ti. Afinal, onde está toda a confiança que dizes ter?
Vestes uma camisa com quadrados, que deixas aberta a uma fresta de um tope. Colocas uma badana no cabelo. Voltas a aplumar a tua já tão incomum juba preta e colocas batôn vermelho nos teus carnudos lábios. Colocas um pouco de preto nos olhos e estás mais do que pronta para arrasar.
Gostas do que vês, porque tapas o que não queres ver.

És louca, rapariga.

15 comentários:

Sílvia disse...

Não será que dás demasiado ênfase às tuas imperfeições quando te olhas ao espelho?

Anónimo disse...

S.: Não o sei ao certo. Por um lado, gosto bastante de me ver e as imperfeições não me afectam muito; mas, por vezes, fico a olhar para a minha pele e sinto-me triste; por outras, hesito ao vestir uma camisola ou outra, por causa daquilo que pode mostrar. Está errado, eu sei. Tenho de o mudar.

Sílvia disse...

Mostra-te, mulher! xD

Anónimo disse...

S.: És uma interesseira. :))

Sílvia disse...

Ora, só acho que se deve mostrar o que é bom xD
E não sou a única a achá-lo, sua "boob stalked" :P

Anónimo disse...

S.: Desde que eu te comecei a remover da tua zona de conforto que andas com a mania de me provocar. Isso é alguma vingança? :)))

Sílvia disse...

1º: não foste só tu a fazê-lo e foi algo gradual :)
2º: provoco-te porque gosto de provocar e se o fizer várias vezes acabo por lhe apanhar o jeito :P

Anónimo disse...

S.: 3º: Não respondeste à pergunta.
Ups. :3 (A)

Sílvia disse...

Respondi sim, no ponto 2. Expliquei porque te provoco. Logo, não é vingança, senão eu teria dito que era, na explicação. xD

Anónimo disse...

S.: Não necessariamente. Podias gostar de provocar-me e estares a aproveitar-te disso para te vingares. :3

Sílvia disse...

Oh what a sweet revenge 8) hahaha
Mas não, não estou. Ainda não despertaste o meu lado vingativo :P

Sílvia disse...

69 entradas lool Só tu, rapariga xD

Sílvia disse...

Ainda por cima é a etiqueta "maior". Damn xD

Anónimo disse...

S.: E É SENTIR. Made my day! xD

Sílvia disse...

humpf! xD