quarta-feira, 15 de junho de 2011

25. Carta à pessoa que tu sabes que está a passar pelos piores tempos

Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.

Uma gargalhada constante, uma fuga à realidade. Assim tu te apresentas, engraçada e bela.
Um ligeiro movimento, uma dor intensa. Assim tu te escondes, ferida e incurada.
Às vezes penso que esse teu jeito de ser é uma afirmação clara de que desististe.
Costumava pensar que era uma forma de mostrares que não queres desistir. Porém, isso não seria coerente com os pensamentos em que te encontro na solidão, real. Posteriormente, passei a achar que era isso uma forma do teu orgulho fingir que ainda não desististe. Agora? Agora penso que toda a tua energia é uma declaração de quem não quer mais saber de si. Apenas dos outros. Do seu bem-estar. Por mais que isso seja uma ilusão.
Já te acostumaste a este fim. E é um fim porque assim tu crês. Se tu própria admites ser um fim, não há quem o consiga recomeçar. Não conseguem os outros enganar-te quando tu própria já não te iludes.
Pobre mulher.
Não merecias esta história.
Ou será que sim? A nossa história é um acumular das opções que fazemos. Ainda assim, deverias ter sido feliz. Mas ninguém mais interferiu nas tuas opções. Tu, apenas. Tu, só. Tu, o teu medo, o teu orgulho e a tua insegurança.
Tu.
Tu que foste educada ao bom estilo típico romântico. Tu que fazias palpitar os corações das ruas por que passavas e agitar todas as saias que vestias. Tu, a mulher que outrora era a bailarina, a fadista, a cara-linda, a boa moça. Tu, a criança que hoje corta partes do seu próprio interior para poder viver mais uns anos, uns meses, umas horas que sejam.
Para me ver feliz.
Para que eu não perca mais um ente numa idade tão tenra. Para que eu possa chegar a casa e saber que tenho um par de braços a quem abraçar, um par de bochechas a quem beijar. Uma figura materna a quem amar.
Tu, minha heroína, prendes-me a esta vida. Com tudo o que isso quer dizer.

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