Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.
Acordar todos os dias pode ser uma tarefa tanto ou quanto difícil.
Eu pensava assim, nas épocas de apatia. Não é que fosse difícil levantar-me da cama e seguir uma rotina denominada enquanto normal, típica de todos os que se acham -- e que muitos assim os reconhecem -- grandes (assim os definem os padrões bege, preto e cinzento, bem como os rostos infelizes e frustrados, que são símbolo de riqueza, conforto, inteligência e maturidade -- o meu avô costuma chamar-lhes homens de linha). Tal como qualquer pessoa normal, eu levantava-me da cama e fazia exatamente as mesmas coisas que os ídolos e os heróis da minha sociedade faziam.
A diferença era que eu não me orgulhava de seguir os ídolos da minha sociedade. Sociedade que nunca foi minha, verdade seja dita. Os meus olhos pertenciam-me, não à sociedade. Igualmente, pertenciam-me os pensamentos, não à sociedade. Porque eu não deixava que a sociedade fizesse deles seus, como fez a quase todos os que, tal como eu, agiam em razoável conformidade. Os gostos chegavam a todos nós, mas nem todos nós os consumíamos. Era por isso que vocês procuravam. Procuravam quem não se tinha conformado com os desejos da sociedade e se sentia vazio por não encontrar nada que o preenchesse.
E eu prometi-vos nunca vos deixar nem vos vender. Fiz serões, gritei, chorei e jurei a pés juntos o amor que por vós nutria. E nutro.
A dor não é de não vos ter porque não vos conheço. Eu conheço-vos, melhor do que ninguém. Eu tive-vos, mas vocês fugiram. Não fracassaram, mas despediram-se e abandonaram-me, deixando apenas uma caixa, não vazia, mas com uma cama bem requintada, com as mais confortáveis almofadas. Essa cama foi feita à vossa medida e agora aloja-se, vazia, em mim e vai suspirando pelos donos que a deixaram assim, por fazer, sem nada dizer antes da partida, deixando o mistério, a dúvida e a incerteza nos lençóis.
Eu vou vos encontrar. Eu tenho de vos encontrar.
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Acordar todos os dias pode ser uma tarefa tanto ou quanto difícil.
Eu pensava assim, nas épocas de apatia. Não é que fosse difícil levantar-me da cama e seguir uma rotina denominada enquanto normal, típica de todos os que se acham -- e que muitos assim os reconhecem -- grandes (assim os definem os padrões bege, preto e cinzento, bem como os rostos infelizes e frustrados, que são símbolo de riqueza, conforto, inteligência e maturidade -- o meu avô costuma chamar-lhes homens de linha). Tal como qualquer pessoa normal, eu levantava-me da cama e fazia exatamente as mesmas coisas que os ídolos e os heróis da minha sociedade faziam.
A diferença era que eu não me orgulhava de seguir os ídolos da minha sociedade. Sociedade que nunca foi minha, verdade seja dita. Os meus olhos pertenciam-me, não à sociedade. Igualmente, pertenciam-me os pensamentos, não à sociedade. Porque eu não deixava que a sociedade fizesse deles seus, como fez a quase todos os que, tal como eu, agiam em razoável conformidade. Os gostos chegavam a todos nós, mas nem todos nós os consumíamos. Era por isso que vocês procuravam. Procuravam quem não se tinha conformado com os desejos da sociedade e se sentia vazio por não encontrar nada que o preenchesse.
E eu prometi-vos nunca vos deixar nem vos vender. Fiz serões, gritei, chorei e jurei a pés juntos o amor que por vós nutria. E nutro.
A dor não é de não vos ter porque não vos conheço. Eu conheço-vos, melhor do que ninguém. Eu tive-vos, mas vocês fugiram. Não fracassaram, mas despediram-se e abandonaram-me, deixando apenas uma caixa, não vazia, mas com uma cama bem requintada, com as mais confortáveis almofadas. Essa cama foi feita à vossa medida e agora aloja-se, vazia, em mim e vai suspirando pelos donos que a deixaram assim, por fazer, sem nada dizer antes da partida, deixando o mistério, a dúvida e a incerteza nos lençóis.
Eu vou vos encontrar. Eu tenho de vos encontrar.
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