domingo, 9 de maio de 2010

malvados!

As memórias dos únicos momentos de vivência vagueiam o meu pensamento por vezes. E anseio por um novo começo. Os demais pressentem-no e tentam convencer-me a seguir em frente. Ah, malvados! Querem tentar apagar de mim a melhor passagem da minha vida!
Não sei se por estas correntes é responsável o facto de um dia ter sentido e ter saudades de sentir, se é o desespero da solidão que me deixou aqui, petrificada, esperando, esperando, esperando, esperando; se fui eu que não consegui, de facto, abandonar o sentimento e, por isso, procurei involuntariamente a solidão.
À noite, tu apareces, vigoroso, dócil, manso e maduro. Pousas o braço no meu ombro e proteges-me, como um anjo guardião que segura entre as suas asas a luz, aumentando a sua densidade. Sabes que não sou forte o suficiente para proteger sozinha uma criança, que nesse momento repousa em meus seios calorosos.
Esse novo começo nunca virá. E espero, espero, espero. No canto da minha caixa, aguardo que um átomo morra e permita a outro ocupá-lo. E espero, espero. O meu corpo decompor-se-á e eu continuarei esperando. Morrer já me é impossível, pois a morte nunca vem duas vezes. Então espero.
Tenho alguma dificuldade em perceber quando algo acabou.

1 comentário:

joão paulo disse...

espero mais posts destes (:
vou estar a seguir o blog !