domingo, 2 de maio de 2010

oligarquia, democracia e justiça social

Uma das diferenças entre a oligarquia e a democracia consiste no cumprimento da justiça social. Algo óbvio é que é impossível para uma sociedade ou regime político ser sempre totalmente justo, até porque a própria justiça pode ser feita em detrimento de uma outra: por vezes, temos de tomar decisões opostas em que ambos os lados a seguir são justos e injustos ao mesmo tempo. Mas não é esse o ponto; o importante agora é estabelecer uma comparação entre a oligarquia e a democracia, com base na justiça social.
Ora, não me parece que seja justo usufruir ou não de regalias radicalmente como numa oligarquia. Muitas pessoas concordam comigo, disso não duvido, mas também estou certa de que uma parte, de dimensão mais ou menos grande, dessas pessoas gostaria, pelo menos pela experiência, de nascer numa família rica (e, por isso, detentora de maior poder político), ter escravos, uma vida facilitada, tudo ao seu alcance, sem o mínimo esforço. Muito sinceramente, desprezo com orgulho essa vida, pois acho que, sem um esforço para alcançar algo, nunca nada será alguma recompensa nem nada será conquistado verdadeiramente. O melhor é sem dúvida o processo de conquista, precedendo um orgulho de ter conquistado. Além disso, que culpa tem alguém do berço em que nasce? Isso não deveria ter qualquer relação com a actividade a exercer.
Contrariamente, em democracia pura, sem subornos ou corrupção, é a capacidade intelectual de criticar e governar que determina o estatuto social de um político ou governante; e este mesmo governante não é nada mais nada menos do que um cidadão. O que o distingue dos outros cidadãos é o facto de ter sido eleito como seu representante, não possuindo qualquer regalia extra por isso. Ser politicamente poderoso deixa de ser, então, um estilo de vida hereditário para ser simplesmente um emprego. Por outro ponto, parece-me justo que a justiça democrática incida sobre esta relação de cargo e poder de opinião, pois, sendo o governante igual em direitos aos governados, então o primeiro tem o dever de ouvir e ter em consideração a vontade dos segundos: caso contrário, um descontentamento dos segundos será perfeitamente suficiente para deitar abaixo o primeiro.

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