terça-feira, 16 de março de 2010

Onde está o chão?

Algo que admiro profundamente é a expressão da alma. Seja ela musical, teatral, literária... não interessa. Arte é arte.
Gosto particularmente de chegar perto e apreciar cada linha, cada traço que demonstram uma migalha dos tormentos humanos. Gosto de me afastar também a fim de os julgar, avaliar, criticar. Gosto de retirar o meu cérebro e esborrachá-lo nas criações, até este as infiltrar. Sinto-me mais calma, mais pacífica. Mais realizada.
Isto tudo porque ontem baixei o Origin Of Symmetry, o segundo álbum dos Muse, datado de 2001. É um álbum muito, muito distorcido, muito confuso, muito despreocupado com a aparência. É simplesmente fantástico. E hoje estava a rever as músicas nele contidas e reparei com especial atenção na capa do Showbiz (1999) e achei-a tão profunda, tão criativa, tão pacífica, tão subjectiva que decidi partilhá-la com alguém. Como não sabia com quem, resolvi escrever um breve prefácio, para que quem quiser - ou quem calhar - leia. Não me interessa.
Em suma, eu olho para esta imagem e fico maravilhada. Pergunto-me porque estará ali uma mulher jovem e esbelta, a deslizar numa superfície extraterrestre, pouco gravítica, lembrando-me de um anjo que nunca cairá das suas asas. Mas ao fazer isto, lembro-me também não só da capa do Origin Of Symmetry, mas de um outro inventário gigante de capas de cd's, passando também por Absolution (2003), Black Holes And Revelations (2006) e The Resistance (2009) dos Muse; mencionando por exemplo também o The Open Door (2006), dos Evanescence; A Rush Of Blood To The Head (2002), dos Coldplay; o Insomniac (1995), dos Green Day; o Awake: The Best Of Live (2004), dos Live; entre centenas de outros.
Todas estas capas têm um sentido em si próprias, têm uma mensagem. Não são meras capas que foram feitas para ilustrar um objecto musical de venda, mas são arte. Têm tanto conteúdo implícito que me fascinam. Estas e muitas outras fazem-me perguntar: sou eu que sou fanática por arte e filosofia, a ponto de analisar critica e profundamente toda a cultura que me rodeia, ou há de facto nestas criações a intenção de chamar a atenção de uma elite de pensadores? Porque é que poucos são os que reparam com atenção nestas riquíssimas obras, nestes gigantes pormenores? Porque é que passam ao lado da maioria, mas cativam-me a mim? E o que é que querem dizer? Estas perguntas, entre muitas outras, não me atormentam, mas são puras o suficiente para me prender a atenção e o pensamento durante horas, para não mencionar dias.

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