Era agora final da tarde e o céu preferia recolher aquele toque suave de bom tempo de Inverno. Agora escurecia, restando apenas a neblina e a causa do robe da senhora. Estava eu ora em profunda meditação, no relvado do parque, quando um zum-zum longínquo começou a tentar-me. Estranho murmurar esse, que nem era humano, nem tecnológico. Não vendo do que se tratava, tal era a minha impotência do sensível, nada mais fiz. Retomei a contemplar o chão macio e húmido, vagueando na reflexão da psíquis. O "zum-zum" intensificava-se, mas era agora cada vez menos digno e (por isso mais longínquo) da minha atenção. Queria concentrar-me, chegar a uma conclusão. Ora! Era, afinal, para isso a que estava destinada; a interrogar a minha consciência e a fazê-la responder a todas as perguntas, até mesmo - e principalmente essas - àquelas que são tão fora da prática que as pessoas, ignorando a sua utilidade, costumam ridicularizar ou abandonar. Mas e esse barulho, cada vez mais perturbador, que não findava? Irra! Fez-me voltar os olhos aos céus e neles focar o interesse. O vento era cada vez mais forte, como que provocado, dando uma sensação de helicóptero a sobrevoar-me; por outro lado, nunca tinha ouvido um único transporte aéreo soar daquela forma, a menos que agora também os frigoríficos voassem! Dadas todas estas inovações tecnológicas e a rapidez a que eram substituídas por novas... não me admirava de todo.
Um vulto escuro e oval, cada vez menos indistinto, aproximava-se. Arregalei bem os olhos. Não podia ser!... Depressa, tenho de me esconder! Não é possível!... Como?! Não pode..., pensei. Felizmente, tinha rochedos por perto. Abrigado nos pedregulhos, esperava impaciente e nervosamente que aquilo saísse dali. Não era verdade... não podia! E que barulho ensurdecedor!
Uma porta abriu-se e um foco abateu-se sobre mim. Tal era o meu pânico que gritei com todas as forças que tinha, entre lágrimas; de tal modo que eu própria acordei.
É o que dá ouvir este tipo de músicas antes de adormecer... ._.
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