domingo, 14 de novembro de 2010

afinal, ainda se comem uns aos outros...

É lícito afirmar que os homens continuam a aproveitar-se uns dos outros hoje em dia.De facto, as pessoas só chegam (em sociedade) longe quando têm por intermédio o detrimento de outras pessoas. Desta forma, para que alguém obtenha um cargo de sucesso não lhe basta apenas que trabalhe e estude para lá chegar (e isto muitas vezes tem um peso muito pequeno), mas tem também de ter contactos que lhe permitam fornecer uma cunha, o que, para além de inválido, é injusto, pois desvaloriza quem trabalha e o seu mérito. Assim, os grandes (os ricos, poderosos e bem-sucedidos) enriquecem à custa dos pequenos, que trabalham desenfreadamente para terem o que querem, enquanto que os que têm realmente o que querem nada fazem para o ter, acentuando a desigualdade e injustiça social e fazendo os pequenos depender dos grandes. Ora, uma vez que este cenário está montado, nota-se em que medida se agrava, pois, dependendo os pequenos dos grandes, os segundos têm a oportunidade (a qual não deixam de aproveitar) de controlar, manipular e esmagar (até onde for possível e desejado) os primeiros, acabando estes sempre por ser comidos. O pior é que tudo isto é mais do que possível: tudo isto, na verdade, é o que se vê acontecer, em todos os casos, para infelicidade dos pequenos, que não concretizam as suas ambições, e dos grandes, que não sabem o valor de tudo o que os rodeia.


 Os Peixes Grandes Comem Os Peixes Pequenos, por Pieter van der Bruegel


Ilustre-se esta ideia com um dos inúmeros exemplos reais disponíveis. Como é sabido, existem escolas nas redondezas que foram criadas pelo investimento de certos indivíduos e a criação de escolas gera empregos: é por isto que não só o fundador da escola, mas também a sua esposa, os seus três filhos, a sua nora, assim como amigos da família com qualificações duvidosas não estão no desemprego.
Contudo, é verdade que a utilização de cunhas constitui a única forma de realizar os sonhos de alguém, que tanto os deseja realizar e, não os realizando, cai na frustração pessoal e no espezinhamento social.
Saliente-se, porém, que uma política de "salve-se quem puder" é incapaz e insuficiente para cumprir a sua função: organizar os indivíduos duma nação de modo a satisfazer as suas necessidades. Para validar a corrupção, a fraude, o favoritismo e a desigualdade, a política não existe, pois assim não passa de uma anarquia ou (pior!) oligarquia.
Assim, conclui-se que os homens, apesar das críticas que na História lhes foram dedicadas, continuam a enriquecer através da injustiça e do abuso social, pessoal e moral.

6 comentários:

Sílvia disse...

A imagem dos peixes lembra-me a obra do Padre António Vieira.

Bem que a minha prof de Português ,e dizia que na faculdade íamos ter com os "lobos". É verdade. É cada um por si mesmo. E comem-se uns aos outros se for preciso, só para chegar mais longe --'

Anónimo disse...

Sílvia: Isto é porque esta entrada foi baseada e inspirada no Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira. :)

Sílvia disse...

hahaha nem de propósito xD

Reparei que recomendaste um post meu num blogue de fotografia. Obrigada :)
Ainda por cima chamaste-me amiga, senti-me feliz por isso :D

Anónimo disse...

Sílvia: Ó Sílvia, mas é isso que te considero... e aquela entrada do António lembrou-me a tua, que é realmente boa; mas como soubeste disso?

Anónimo disse...

Muito bom Cármem adorei mesmo, e triste ver que muitos de nós são apenas parias. postei um assunto como Dominio, procuro me regrar por ele, sei que não é facil mas estou aparando "arestas". Acho que se voçe assistio ao filme Matriz, repense tudo e veja como somos manipulados e guiados por caminhos Pré-estabelecidos por uma minoria.
Aqui se usa um jargão muito popular e pratico: Não adianta diploma de faculdade, oque vale é a indicação. Muito podre na achas minha amiga?

Anónimo disse...

Antonio Miranda: Muito pobre, caro António...
É claro que já vi o Matrix! É um excelente filme...
Digo-lhe, sinceramente, que, apesar de tudo, ainda tenho esperança - e não se trata de uma esperança fictícia, aquela de apenas sonhar com um mundo melhor; eu acredito que as coisas podem, de facto, mudar, com a força de vontade. A ideia de existir um destino que não nos permite fazer as coisas de outra forma é irreal: muitas vezes, quando tudo indica que algo vai acontecer, nós podemos contrariá-lo. Nem tudo no Universo tem relações de causa-efeito, nem tudo são fenómenos. Se as coisas estão assim, é porque não há pessoas suficientes a pensar com a sua própria razão! É por isso que eu tento, ao máximo, alertar o número máximo de pessoas para a realidade, dar-lhes a minha força de vontade: para que elas façam o mesmo e um dia se possa fazer algo!