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Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.
Toda aquela agitação aborrecia-a. A sala estava cheia e, quanto mais se avançava em direção à saída mais apertado o espaço era, dificultando o movimento.
Todos aqueles alunos interesseiros interpelavam o caminho até ao professor, desesperados com o trabalho que se lhes avizinhava. Mas não seria ela a verdadeira interesseira entre aqueles tijolos de amarelo e branco, ela, que tinha segundas intenções?
Não, porque, pelo menos, o interesse dela despertava emoções felizes e calorosas entre ela e ele, enquanto que os outros apenas se interessavam na utilidade académica, para maior utilidade material.
Não, não era do quão útil aquele professor lhe poderia ser que ela queria saber. Era o quão feliz poderia ela fazer aquele homem que lhe interessava. Eram aqueles lábios sedentos de prazer, aqueles dentes cheios de paixão e aquelas mãos ardentes de fúria que lhe interessavam. No fundo, era sentir o seu coração acelerado pela adrenalina e amá-lo com carinho que ela desejava. Era aquele homem cheio de inteligência, vigor e determinação que ela queria a seu lado, para enfrentar os males na vida e reconfortar-se nos bens, sempre partilhados.
E aqueles alunos todos colocavam-se entre ele e ela, gastando-lhes o tempo, frustrando-lhe a oportunidade de ficar consigo a sós e de se fazer sua mulher.
O olhar que ele lhe lançou quando chegou a sua vez foi o de quem, subitamente, sentiu o tempo parar por momentos. Contemplava-a num misto de conforto e entusiasmo, notoriamente alegre por finalmente estar com alguém por quem nutria sentimentos mais do que meramente académicos. Ela, no entanto, estava cansada de lhe sentir o amor fluir espontaneamente, de tal forma sincera de que nem ele próprio se dava conta da sua expressividade. Era, acima de tudo, um homem cheio de sentimentos e emoções, mas que tentava reprimi-las para poder agir de forma deliberada; e isso era, possivelmente, o que mais a atraía nele. Contudo, ela fartava-se dos seus jogos de toca-e-foge e de tentar perceber se ele, de facto, a queria ou não. Depois, sufocava-lhe o peito saber que de facto ele não queria nada, porque também ele queria tentar perceber se deveria arriscar tanto por uma mulher que se interessa e que o faz deliciar-se de cada vez que se exprime, mas que depois também se revela fugida, sabendo ela que ele tinha muito que refletir e que precisava, tal como ela, de alguém que lhe desse certezas. Havia muita coisa a perder para ficar com alguém como ela e não o podia fazer sem achar que ela realmente seria merecedora de tanto. E ambos andavam nesta brincadeira de rara sintonia com voltas trocadas: ela queria-o quando ele não podia e ele podia e queria-a quando ela já estava desencorajada.
Continuação em 1. Carta ao/à teu/tua melhor amigo/amiga (II).
1 comentário:
aroo moss
depois aparece no msn, preciso de falar ctg
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