Ao fundo da rua que saía pela porta daquele espaço tão aberto e iluminadamente amarelo, avistou dois vultos masculinos e, esforçando-se por ver de quem se tratava, conseguiu distinguir um cabelo preto desalinhado e uma cabeça cor de trigo que o acompanhava, reluzindo às luzes do pôr do sol. Na esperança de serem os seus dois amigos dos arredores, chamou os seus nomes. Em cheio. Ambos se viraram para trás, procurando saber quem os chamava.
Filipe trazia, em contraste com o seu cabelo, uma larga camisola branca, com letras de um tom azul, agora parecendo esverdeado. Trazia a calma no rosto e a liberdade nas mãos. O mesmo já não se passava com Henrique, que, por detrás dos seus óculos de sol azuis-transparentes, dentro de uma camisola negra, parecia ansioso, com uma mão no bolso e a outra a passar frequentemente pelo cabelo louro espigado e a ajeitar as madeixas de franja para o lado, enquanto batia com o pé no chão.
- Chamaste?
- Sim. Vocês vão para casa?
- Bem... sim - disse-lhe, enquanto olhava para Filipe, com ar surpreso. Este, por sua vez, parecia compreender para além da pergunta banal, perscrutando o seu rosto com o sobrolho contraído.
- Perdeste o transporte?
Não queria, de todo, preocupá-lo, mas também não lhe podia mentir. Não queria empatá-lo nem pesar-lhe, mas precisava de admitir que necessitava da sua ajuda.
- Sim. Como é que se vai daqui para lá?
- Olha, vens connosco no autocarro e nós depois dizemos-te onde parar - Henrique continuava agitado, mas não parecia querer deixar aquele assunto pendente. - Temos é de nos apressar antes que o percamos.
- Não... Ela de autocarro gasta dinheiro e isso é mais um motivo para depois a chatearem. Ter perdido o transporte e vir de iniciativa própria com dois rapazes já são três motivos suficientemente pesados.
- Então e...? Como é que depois...?
- Estás parvo!? Achas mesmo que eu vou pôr uma gaja qualquer à frente duma amiga?
- Olha, Filipe, eu agradeço a tua ajuda, mas s...
Filipe pegou-a pela mão, puxou-a até si e cercou-lhe os ombros com o seu braço:
- Embora daí.
- Então e essa rapariga?
- Não é nada melhor do que tu - disse-lhe, num sorriso. - Pode esperar.
Naquelas tonalidades de azul e laranja que manchavam as minuciosas folhas verdes que os rodeavam, ela viu duas sombras vultuosas de homens que a acompanhariam por toda a vida e sentiu que, por mais rejeições amorosas que viesse a ter, seria sempre feliz, por ter o que ela considerava os melhores amigos do mundo.
Enquanto ela lhe atirava um aceno de despedida, ele ouviu as suas solas rangerem no chão poeirento e sinuoso que ambos pisavam. E, na queda do calor, ele sentiu que ela partia... e que dificilmente voltaria.
Nostalgic Moment by *Dance0927 on deviantART |
Para ti e para o teu fascínio pessoal por casos entre professores e alunos. Espero que tenhas gostado.
Feliz aniversário!
8 comentários:
Não há duvidas que és especial, adorei pah... Ah Feliz aniversário, para a pessoa em causa, que conte muitos ;)
espero que o distinatario nao tenha visto estes 4 posts antes de estarem concluidos, porque ficaram muito bons
Olá! Obrigada pelos comentários! :) De certa forma, concordo com o que foi dito daquele texto, embora não fosse o caso que eu imaginei! ;P Quanto ao outro, infelizmente acho que nem à bofetada conseguiríamos fazer algumas pessoas "acordar para a vida"... enfim! Bem, eu confesso que li esta carta e fiquei encantada com a escrita e a imaginação! Gosto destes casos e concordo com o que foi dito que não existem amores impossíveis: apenas uns mais fáceis e outros mais difíceis! :) Gostei imenso! Parabéns! um beijo!
Cota: Para amigos especiais, dedicações especiais. Obrigada! :D
Riga/V-1-Boy: Custa-me a acreditar que ela os tenha visto tão cedo, porque passou o dia fora... a menos que os tenha visto de manhã; mas, se o fez, fingiu que não, porque não me pareceu minimamente diferente quando falei com ela. Obrigada! :D
Hayley Nya*: Oh, obrigada! :$ Eu também gosto imenso... a sensação de dificuldade e imoralidade acende-me imenso quando sei que não é bem assim... Obrigada, a sério, fico muito contente por saber! 8D
Relativamente a isso da bofetada... pois é. Por isso é que me tento controlar. Sei que quem se frustraria seria eu e que seria em vão - coisa que não gosto que as minhas ações sejam.
Tem um bom dia! :D
Não sei o que dizer. Não esperava nada disto, muito menos que te lembrasses e fizesses alguma coisa quanto ao meu "fascínio pessoal", como lhe chamaste. xD (E que não te tenhas lembrado do meu desgosto pelo nome Filipe. ;D)
Por sorte, não tinha lido nada enquanto estivesse inacabado, mas devo dizer que por momentos, pensava que o texto era outra coisa qualquer, e quando vi este post de raspão (eu começo a ler o teu blog por baixo, vendo os mais antigos primeiro quando estão separados por partes como este. :x), pensava que seria algo separado do texto, a desejar-me os parabéns ou coisa assim, por isso deixei-o para o fim. :)
Obrigada Esponja, o texto é lindo. Foi a melhor prenda que recebi até agora. :) ♥
P.S.: Um grande abraço e obrigada a quem me desejou os parabéns! Fico grata. :D
8D Ahhhhh! xD
E, não, não me lembrei de todo de não gostares desse nome. o_O Foi o primeiro que me veio à mente. Agora que me lembro de como descobri isso... xD Estás condenada para o resto da tua vida. :))
Há meses que eu planeava presentear-te com esta carta. :)
Yey!! Vês twin, five huge shining stars for that xDD Está mesmo muito fixe =)
Adriana: Oh, muito obrigada. :$
O pessoal anda-me a fazer corar de mais. :c xD
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