No parapeito sobre o qual me debruço estende-se toda a praia da minha vida. Lentamente esta tem decorrido, consoante aquilo a que todos parecem chamar de aspirações e barreiras. Por vezes, não sei se alguma é minha ou se em mim foram despojadas. Tudo o que sei limita-se àquilo que me foi sonhado em mãos fortes, embora delicadas.
O Sol emerge do azul do aquário que reflete o oceano que sou. Exclama o meu nome e envia-me os seus filhos, que me convidam a dançar a coreografia que todos procuram nestes cenários limitados. Não o encontram e dizem-se insatisfeitos, adormecidos no materialismo que pretende alojar-se neles. Se ao menos eles, com os seus olhos, vissem o quadro que vejo! Certamente saberiam que a felicidade mortalmente eterna não está no que finda. Não procurariam, se não neles próprios, aquilo que mais ninguém lhes pode dar. Necessariamente, não se veriam sujeitos a aceitar a alegria pelas coisas que nem os honrados clássicos tinham.
Neste quadro que a minha mente pinta, sei que são minhas as cores que o iluminam. O melhor de tudo: eu não as comprei, nem fabriquei a partir do que encontrei. Sobre este parapeito a que chamo vida debruço-me eu e voo acima daquilo que os outros não acreditam saber pular, porque eu vejo o que a minha imaginação sonha. E sou feliz.
2 comentários:
ainda bem que es feliz
Riga/V-1: Como disse no texto, sou-o por uma questão de iniciativa. A felicidade não se alcança, não se atinge: é uma forma de estar perante o mundo e os problemas que consiste em repelir as energias negativas, procurar a paz interior e não baixar os braços perante as dificuldades. "Não procurariam, se não neles próprios, aquilo que mais ninguém lhes pode dar."
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