terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A praia não se debruça sobre mim

     No parapeito sobre o qual me debruço estende-se toda a praia da minha vida. Lentamente esta tem decorrido, consoante aquilo a que todos parecem chamar de aspirações e barreiras. Por vezes, não sei se alguma é minha ou se em mim foram despojadas. Tudo o que sei limita-se àquilo que me foi sonhado em mãos fortes, embora delicadas.
    O Sol emerge do azul do aquário que reflete o oceano que sou. Exclama o meu nome e envia-me os seus filhos, que me convidam a dançar a coreografia que todos procuram nestes cenários limitados. Não o encontram e dizem-se insatisfeitos, adormecidos no materialismo que pretende alojar-se neles. Se ao menos eles, com os seus olhos, vissem o quadro que vejo! Certamente saberiam que a felicidade mortalmente eterna não está no que finda. Não procurariam, se não neles próprios, aquilo que mais ninguém lhes pode dar. Necessariamente, não se veriam sujeitos a aceitar a alegria pelas coisas que nem os honrados clássicos tinham.
     Neste quadro que a minha mente pinta, sei que são minhas as cores que o iluminam. O melhor de tudo: eu não as comprei, nem fabriquei a partir do que encontrei. Sobre este parapeito a que chamo vida debruço-me eu e voo acima daquilo que os outros não acreditam saber pular, porque eu vejo o que a minha imaginação sonha. E sou feliz.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Neocolonialismo

«A diplomacia inteligente do período da Guerra Fria conseguiu algum espaço para a soberania dos Estados, mas e o povo?»


lost causes. by ~moondrums on deviantART

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Odor Lisboeta a Putrefação

     Estrada abaixo, António calçou as pegadas molhadas do seu preto envernizado. Cada marca deixada era como um meteorito que colidia com o betão, causando ainda mais fendas. A água era a atmosfera que protegia as fendas de serem mais do que algumas fissuras moderadamente profundas.
     O cheiro a carvão das barraquinhas ambulantes de castanhas assadas misturava-se com os odores a suor que o aglomerado de trabalhadores e turistas expelia habitualmente, como um odor intrínseco. Poderia ter sido compreendido como um aconchego ou um realce estilístico, mas, na verdade, quando baixava a cabeça e enfiava o queixo no cachecol coloridamente riscado não queria aquecer a cara com o bafo preso pela roupa, nem exibir o cabelo castanho espigado na sua nuca, mas sim esconder os olhos da paisagem de água suja nas pedras da calçada.
     Desde que lhe disse que ela precisava de ser menos precipitada e de dar mais espaço a cada coisa, a relação entre ambos nunca mais foi clara. Ela encavalitava tudo aquilo que lhe dizia respeito e desarrumava tudo de propósito. António não podia virar a esquina que lá estava ela, a barafustar com algo. Quando ele lhe perguntava por que era assim, ela ficava ciumenta e mandava-o ir ter com a ex. Esperava, certamente, que ele a mimasse e mostrasse que a ex lhe era inferior.
     Ele, porém, sentia a culpa cair-lhe em cima. A ex, pelo menos, não se chateava com tanta facilidade, nem se adornava. Era naturalmente linda. Pobre, mas verdadeiramente simples. Emanava as cores de dentro de si e não atraía a si toda a espécie de gente. Mas António deixou-se levar pelo que os outros diziam e acreditou na adoração que todos os outros faziam à que viria a ser a sua esposa e maior dor de cabeça.
   Por isso, baixava a cabeça e acarretava com as birras da amada. Lá fundo, perguntava-se se era mesmo aquilo que queria para passar o resto da sua vida.
     Ah, Lisboa, como és complicada!

Lisbon ::4 by ~MisterKey on deviantART

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Liebster Blog

     Mais um selo aqui para o cantinho.

     Tenho de agradecer à Olinda, que se lembra sempre de dar um empurrãozinho, embora isto por aqui ultimamente não ande muito agitado (diga-se, de passagem, que não é por falta de ideias, mas sim de cansaço e de falta de tempo, o que significa que em breve isto por aqui deve sofrer de cheias líricas).

Kiss it all goodbye (I am the Mastermind) 
Ironia do Destino (Christian V. Louis) 
Diário da Srta. Lóri Capitu (SRTA. LÓRI CAPITU) 

      Para quem não sabe, Liebster significa amado, adorado ou querido, em alemão.


     Pois aqui estão as regras do amor:
  1. Publicar o link de quem enviou o selo.
  2. Colar o selo.
  3. Passar o selo a cinco blogues que tenham menos de 200 seguidores.
  4. Avisar, através de um comentário, os proprietários dos blogues selados.