No parapeito sobre o qual me debruço estende-se toda a praia da minha vida. Lentamente esta tem decorrido, consoante aquilo a que todos parecem chamar de aspirações e barreiras. Por vezes, não sei se alguma é minha ou se em mim foram despojadas. Tudo o que sei limita-se àquilo que me foi sonhado em mãos fortes, embora delicadas.
O Sol emerge do azul do aquário que reflete o oceano que sou. Exclama o meu nome e envia-me os seus filhos, que me convidam a dançar a coreografia que todos procuram nestes cenários limitados. Não o encontram e dizem-se insatisfeitos, adormecidos no materialismo que pretende alojar-se neles. Se ao menos eles, com os seus olhos, vissem o quadro que vejo! Certamente saberiam que a felicidade mortalmente eterna não está no que finda. Não procurariam, se não neles próprios, aquilo que mais ninguém lhes pode dar. Necessariamente, não se veriam sujeitos a aceitar a alegria pelas coisas que nem os honrados clássicos tinham.
Neste quadro que a minha mente pinta, sei que são minhas as cores que o iluminam. O melhor de tudo: eu não as comprei, nem fabriquei a partir do que encontrei. Sobre este parapeito a que chamo vida debruço-me eu e voo acima daquilo que os outros não acreditam saber pular, porque eu vejo o que a minha imaginação sonha. E sou feliz.