Sou um livro complexo, difícil de ler.
Não gosto de me despir para os outros, prefiro ser despida pelos outros - demoradamente, subtilmente. Porque para se despir alguém dessa forma é necessário ir obtendo autorização aos poucos e poucos a cada porção de corpo para ser despida. É necessário ter em consideração a forma como a pessoa se sente e como pensa para se conseguir chegar até ela, caso ela não se dê imediatamente. É preciso, portanto, dar importância à pessoa objeto de estudo.
E é assim que gostava que todas as pessoas fossem. Mas que unicidade teríamos nós, livros que se deixam ler apenas por leitores atentos, se elas o fizessem?
As palavras estão todas lá, não me recuso a ser compreendida. Aceito qualquer leitor que se candidate a ler-me. O que me distingue é que faço propositadamente de forma a que apenas alguns me queiram ler, a que apenas alguns me conheçam. A apenas aqueles que, a meu ver, valem a pena. Apenas os que realmente merecem conhecer-me se esforçam por me compreender.
Creio que é por isso que, não obstante a minha devoção à literatura, não sou uma escritora muito conhecida pela blogosfera.
É preciso intelectualidade para me apreciar como mais do que o mero animal social que na prática por vezes transpareço ser: a rapariga que, despreocupada com a aparência física, conhece quase toda a gente, se dá bem com quase todas as pessoas que conhece e é facilmente encontrada, devido à frequência e à sonoridade com que ri. Porque eu não penso apenas, não sou toda profunda. Tenho a minha superfície, que se revela uma criança risonha.
Sou, portanto, difícil de reconhecer enquanto escritora para quem me conhece a partir da superfície e difícil de reconhecer enquanto espírito alegre e brincalhão para quem me conhece a partir do fundo. É preciso conhecer-me a partir do intermédio para poder considerar normal a minha bipolaridade. É preciso, por exemplo, ver-me ou ouvir-me conversar com alguém com quem me dê bem. Elejo esta situação como uma boa representação do exposto porque, enquanto converso, sou, por um lado, de sorriso fácil e, simultaneamente, de palavras complexas.
Não são precisas, em suma, cortesias para ter a minha atenção, mas é preciso intelectualidade para eu ter a atenção dos outros.
Não gosto de me despir para os outros, prefiro ser despida pelos outros - demoradamente, subtilmente. Porque para se despir alguém dessa forma é necessário ir obtendo autorização aos poucos e poucos a cada porção de corpo para ser despida. É necessário ter em consideração a forma como a pessoa se sente e como pensa para se conseguir chegar até ela, caso ela não se dê imediatamente. É preciso, portanto, dar importância à pessoa objeto de estudo.
E é assim que gostava que todas as pessoas fossem. Mas que unicidade teríamos nós, livros que se deixam ler apenas por leitores atentos, se elas o fizessem?
As palavras estão todas lá, não me recuso a ser compreendida. Aceito qualquer leitor que se candidate a ler-me. O que me distingue é que faço propositadamente de forma a que apenas alguns me queiram ler, a que apenas alguns me conheçam. A apenas aqueles que, a meu ver, valem a pena. Apenas os que realmente merecem conhecer-me se esforçam por me compreender.
Creio que é por isso que, não obstante a minha devoção à literatura, não sou uma escritora muito conhecida pela blogosfera.
É preciso intelectualidade para me apreciar como mais do que o mero animal social que na prática por vezes transpareço ser: a rapariga que, despreocupada com a aparência física, conhece quase toda a gente, se dá bem com quase todas as pessoas que conhece e é facilmente encontrada, devido à frequência e à sonoridade com que ri. Porque eu não penso apenas, não sou toda profunda. Tenho a minha superfície, que se revela uma criança risonha.
Sou, portanto, difícil de reconhecer enquanto escritora para quem me conhece a partir da superfície e difícil de reconhecer enquanto espírito alegre e brincalhão para quem me conhece a partir do fundo. É preciso conhecer-me a partir do intermédio para poder considerar normal a minha bipolaridade. É preciso, por exemplo, ver-me ou ouvir-me conversar com alguém com quem me dê bem. Elejo esta situação como uma boa representação do exposto porque, enquanto converso, sou, por um lado, de sorriso fácil e, simultaneamente, de palavras complexas.
Não são precisas, em suma, cortesias para ter a minha atenção, mas é preciso intelectualidade para eu ter a atenção dos outros.