Pele suave, aspereza delicada.
Dos seus lábios me vejo enamorada.
Encontro-me então densamente sentida
Por firmeza de amor sedento de vida.
O sussurro do afeto marcado
Pela proteção leal
Entranha-se, assim, preocupado
Com o paradoxo do mal.
O segredo da cautela
Enraizado pelo risco
Desperta para a sentinela
A inconsciência a que não resisto.
As asas, porém, com o anjo
Não partem. Não.
Elas limparam de mim
Toda a preocupação;
E assim me deixo
Pelo vento levar,
Em deliberado eixo,
Para no meu rumo voar.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
sábado, 24 de setembro de 2011
De outra seguidora espetacular...
...mais um selo, desta vez da Hayley Nya*, em Over My Dead Body. É o que eu digo, isto são demasiados mimos para uma pessoa só. Muito obrigada. :)
Eis a parte desafiante:
My Love Is Your Love (Forever): 100 = Selo Oficial |
- Partilhar um segredo que guardo daqueles que conheço.
Bem, eu não conto aos desconhecidos coisas que escondo dos conhecidos... a menos que se refiram aos fisicamente conhecidos. Isso também é difícil dizer, porque eu escondo duns, mas mostro a outros... não vejo na parte física uma barreira nem uma ponte. Mas, talvez, que conheci pela net ou que só conheço pela net algumas pessoas de quem gosto bastante. Não o faço por vergonha disso, mas porque sei que alguns não o compreenderiam e eu não gosto quando duvidam da minha sinceridade ou da realidade dos meus sentimentos, nem quando me ridicularizam por algo por que tenho apego. - Se tivesse 48 horas de vida o que faria obrigatoriamente.
Muito difícil de responder, também. Acho que não sei... porque eu tento aproveitar cada oportunidade como se fosse a última, para que nunca me arrependa de não ter feito algo que queria fazer. É que, acho eu que ao contrário da maior parte das pessoas, eu tenho noção de que posso morrer a qualquer momento. Gosto de, a qualquer hora, saber que, se morresse naquele momento, a minha vida teria valido a pena. Talvez tentasse desaparecer do mapa sem deixar rastro, para que a minha ausência fosse tão pouco notada quanto possível. Acho que não me sentiria à vontade para interromper a vida dos outros com o meu mal... parece-me sempre um bocado egoísta da minha parte incomodar os outros com os meus males. - Passar a dois blogues.
Vocês querem-me mesmo matar com estes limites. Vou aproveitar para pôr aqui o Expressividade, que é, para mim, absolutamente excelente, mas que nunca tinha divulgado porque nunca o tinha lido com grande intensidade, e o escrita acordadora, que, por algum motivo, me está bloqueado, mas que adorava ler quando podia aceder.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
raízes roucas de sentir
A luz irradiava através de nuvens rasgadas que brincavam com a intensa vastidão de azul pintado em tela plana - plana, para quem não se conseguia aperceber da dimensão do azul cien.
Anabela achava-se perdida naqueles fragmentos de vento, deixando-se fundir com o ouro elegantemente subtil das serpentes vegetais que lhe faziam companhia naquele tenro momento intemporal.
Intemporal era a sua noção, após tanto deleite imaterial naquele manto suave de cores naturais e contactos físicos imaculados.
O seu cabelo confundia-se com os fios cerealíferos da esplanada do seu ser e brincava com eles quando o ar se apressava a invadi-los fresca e suavemente, esvoaçando acima deles, oferecendo-se como cordas de uma harpa muda.
Os seus pés pálidos escondiam-se, tímidos e hesitantes em aderir às ternuras radiantes do vento infantil. A maturidade estável das raízes roucas de sentir confundia-se com o seu corpo imutável e a força da vida infiltrava-se pelas pernas acima, acedendo-as através daqueles pés tão pálidos, tão introspetivos.
Ignorando esse tabu a que os citadinos chamam tempo, Anabela perguntou-se se seria a falta da música dos prados silenciosos e dos seus refrescantes segredos nos ouvidos tolerantes a causa de tanta desarmonia e tanta pressa.
Não obtendo resposta, deixou-se tombar de costas, impressionada pela qualidade sensorial que conseguia obter, enquanto flores lhe abraçavam o rosto, tão singelas e delicadas, tão carinhosas e calmas; e não pôde deixar de reparar que as manchas de branco naquela tela azul que na sua frente se abatia só podiam ter sido pintadas por um verdadeiro artista.
Anabela achava-se perdida naqueles fragmentos de vento, deixando-se fundir com o ouro elegantemente subtil das serpentes vegetais que lhe faziam companhia naquele tenro momento intemporal.
Intemporal era a sua noção, após tanto deleite imaterial naquele manto suave de cores naturais e contactos físicos imaculados.
O seu cabelo confundia-se com os fios cerealíferos da esplanada do seu ser e brincava com eles quando o ar se apressava a invadi-los fresca e suavemente, esvoaçando acima deles, oferecendo-se como cordas de uma harpa muda.
Os seus pés pálidos escondiam-se, tímidos e hesitantes em aderir às ternuras radiantes do vento infantil. A maturidade estável das raízes roucas de sentir confundia-se com o seu corpo imutável e a força da vida infiltrava-se pelas pernas acima, acedendo-as através daqueles pés tão pálidos, tão introspetivos.
Ignorando esse tabu a que os citadinos chamam tempo, Anabela perguntou-se se seria a falta da música dos prados silenciosos e dos seus refrescantes segredos nos ouvidos tolerantes a causa de tanta desarmonia e tanta pressa.
Não obtendo resposta, deixou-se tombar de costas, impressionada pela qualidade sensorial que conseguia obter, enquanto flores lhe abraçavam o rosto, tão singelas e delicadas, tão carinhosas e calmas; e não pôde deixar de reparar que as manchas de branco naquela tela azul que na sua frente se abatia só podiam ter sido pintadas por um verdadeiro artista.
domingo, 11 de setembro de 2011
perspectivas periurbanas
Da perspectiva do meu quarto, ainda é possível ouvir um galo cantar de madrugada, suficientemente cedo para poucos o ouvirem. Aquele galo é a declamação perante um mundo urbano da permanência acesa do mundo rural. Mas até quando?
Da perspectiva da minha janela nocturna, ainda é possível sentir o cheiro do verde a ser inalado por mim, quando vagueio só pelas horas mortas. Esse verde tranquiliza-me e ajuda-me a reflectir. O vento abraça-me e eu sinto a necessidade de chorar diminuir, bem como a tristeza. Esse vento já assistiu a muitos episódios de loucura e desespero e sempre conseguiu mostrar-me quando e como estava errada - e como agir em contrário. Esse vento conseguiu sempre fazer-me ver que as coisas nem sempre são a preto e branco: podem ser verdes.
Da perspectiva da minha janela diurna, ainda é possível ver coelhos a correr por entre as ervas de um solo tão pouco fértil ou, nas horas de maior calor, cabras e bodes a balir e a pastar, atrevendo-se a descer com segurança as inclinações - como se a força da gravidade fosse irrelevante. Estão gordas, penso, e têm um aspecto saudável. O seu pêlo brilha ao sol, que, embora descoberto, está um pouco preguiçoso. Enquanto elas se alimentam, um senhor com ar pacato e tranquilo senta-se nalgo que não consigo perceber se é um banco ou um rochedo - embora me custe acreditar que haja rochedos por ali, pelo que me lembro do que aprendi em geografia: não estamos no Maciço Antigo e as planícies com estas características típicas de solo não costumam ser rochosas. Em breve, e muito provavelmente, aquele senhor com ar pacato terá a coragem de não deixar aqueles animais passearem por aqueles terrenos, para seu consumo próprio. Afinal, para a maioria das pessoas, é algo perfeitamente normal e sem maldade alguma. Para mim, no entanto, é sempre doloroso entrar num talho (principalmente nos momentos em que levam os animais sem pele e já mortos e quase vazios às costas para cortar), assim como imaginar as cabras e os bodes a correr tranquila e alegremente para o pastor - para um fim hipocritamente nada tranquilo ou alegre.
Molhei os lábios amargamente, voltei a olhar para o meu almoço e vi-me obrigada a pensar nalgo nada gastronómico para conseguir comer o pedaço de carne cozida que estava no meu prato.
Das perspectivas do meu coração, ainda é possível ser verde.
Da perspectiva da minha janela nocturna, ainda é possível sentir o cheiro do verde a ser inalado por mim, quando vagueio só pelas horas mortas. Esse verde tranquiliza-me e ajuda-me a reflectir. O vento abraça-me e eu sinto a necessidade de chorar diminuir, bem como a tristeza. Esse vento já assistiu a muitos episódios de loucura e desespero e sempre conseguiu mostrar-me quando e como estava errada - e como agir em contrário. Esse vento conseguiu sempre fazer-me ver que as coisas nem sempre são a preto e branco: podem ser verdes.
Da perspectiva da minha janela diurna, ainda é possível ver coelhos a correr por entre as ervas de um solo tão pouco fértil ou, nas horas de maior calor, cabras e bodes a balir e a pastar, atrevendo-se a descer com segurança as inclinações - como se a força da gravidade fosse irrelevante. Estão gordas, penso, e têm um aspecto saudável. O seu pêlo brilha ao sol, que, embora descoberto, está um pouco preguiçoso. Enquanto elas se alimentam, um senhor com ar pacato e tranquilo senta-se nalgo que não consigo perceber se é um banco ou um rochedo - embora me custe acreditar que haja rochedos por ali, pelo que me lembro do que aprendi em geografia: não estamos no Maciço Antigo e as planícies com estas características típicas de solo não costumam ser rochosas. Em breve, e muito provavelmente, aquele senhor com ar pacato terá a coragem de não deixar aqueles animais passearem por aqueles terrenos, para seu consumo próprio. Afinal, para a maioria das pessoas, é algo perfeitamente normal e sem maldade alguma. Para mim, no entanto, é sempre doloroso entrar num talho (principalmente nos momentos em que levam os animais sem pele e já mortos e quase vazios às costas para cortar), assim como imaginar as cabras e os bodes a correr tranquila e alegremente para o pastor - para um fim hipocritamente nada tranquilo ou alegre.
Molhei os lábios amargamente, voltei a olhar para o meu almoço e vi-me obrigada a pensar nalgo nada gastronómico para conseguir comer o pedaço de carne cozida que estava no meu prato.
Das perspectivas do meu coração, ainda é possível ser verde.
sábado, 10 de setembro de 2011
Christina Aguilera: Soar
When they push, when they pull, tell me: can you hold on?
When they say you should change, can you lift your head high and stay strong?
Will you give up, give in, when your heart is crying out that it is wrong?
Will you love you for you in the end of it all?
In life there is going to be times when you are feeling low
And in your mind insecurity seems to take control.
We start to look outside oursevles for acceptance and approval.
We keep forgetting that the one thing we should know is
Do not be scared to fly alone,
Find a path that is your own!
Love will open every door,
It is in your hands, the world is yours.
Do not hold back and always know
That all the answers will unfold.
What are you waiting for?
Spread your wings and soar!
The boy who wonders is he good enough for them
Keeps trying to please them all, but he just nevers seems to fit in.
Then there is the girl who thinks she will never ever be good enough for him:
Keeps trying to change and that is a game she will never win.
In the mirror is where she comes face to face with her fears:
Her own reflection, now foreign to her after all these years.
All of her life she has tried to be something beside herself,
Now time has passed and she has ended up someone else with regret.
What is it in us that makes us feel the need of keep pretending?
Got to let ourselves be.
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Muse: Exogenesis Symphony
Overture
Aping my soul, you stole my overture.
Trapped in God's program, I cannot escape.
Who are we? Where are we? When are we? Why are we?
Who are we?
Where are we?
Why?
Why?
Why?
I cannot forgive you and I cannot forget.
Who are we?
Where are we?
When are we?
Why are we here?
Cross Polination
Rise above the crowds
And wade through toxic clouds,
Breach the outer sphere.
The edge of all our fears
Rest with you.
We are counting on you.
It is up to
You.
Spread
Our codes to the stars,
You must rescue us all!
Tell us!
Tell us your final wish,
Now we know you can never return!
Tell us!
Tell us your final wish,
We will tell it to the world!
Redemption
Let's start over again...
Why cannot we start it over again?
Just let us start it over again
And we will be good,
This time, we will get it...
We will get it right!
It is our last chance
To forgive ourselves.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Muse: Knights Of Cydonia
«Come ride with meMUSE - KNIGHTS OF CYDONIA LYRICS
Through the veins of history,
I will show you how God
Falls asleep on the job.
And how can we win
When fools can be kings?
Do not waste your time
Or time will
Waste
You.
No one is going to take me alive!
Time has come to make things right.
You and I must fight for our rights!
You and I must fight to survive.»
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Anónimo
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De uma seguidora porreira...
...mais um selo. Não que eu ligue muito a estas coisas, mas é sempre agradável colocarem o nosso trabalho numa elite dos seus preferidos. :)
pseudo-desafio a cumprir. Aqui vai.
- Dizer quem o ofereceu.
A senhora dona Victória J. Esseker, que é uma moça com uma mentalidade interessante e uma personalidade engraçada. É sempre agradável falar com ela. - Partilhar sete coisas sobre mim.
Ora muito bem...
- Eu adoro ir à escola;
- Tenho a mania de ser muito rigorosa nas palavras;
- Transito constantemente entre reflexões racionais e gargalhadas estridentes;
- Vejo o mundo duma forma apaixonante e falo duma maneira relativamente inteligente e entusiástica, o que me dá uma imagem um bocado nerd e simultaneamente paranóica;
- Não me preocupo minimamente com o facto de os outros me apreciarem ou não;
- Não me produzo (em termos de acessórios e coisas supérfluas) quase nada;
- Sou altamente apaixonada por filosofia, política, arte e desporto.
- Passar o selo a sete blogues.
E agora é que a porca torce o rabo, porque acho que mais do que sete blogues mereciam isto... mas cá vai. Para quem anda à procura de literatura, vejam os blogues que eu sigo publicamente (estão no meu perfil), porque esses, para mim, são os melhores que conheço, mesmo que não estejam aqui.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
em demência, em dor, em violência
Calem-se as vozes, cesse-se o pranto. Termine-se o ruído, finde-se a guerra.
Recomecemos este percurso de que nos absorvemos - em dor, em demência, em ordens desordenadas, em radicalismo, em violência.
Caminhemos por este chão molhado de musgo verdejante e deixemos que os rios continuem a sua função assídua de limpeza da terra que nós sujamos. Não queiramos ser mais rápidos do que eles e permitamos que as suas suaves brisas que passeiam pelos nossos rostos infiltrem os nossos aparentemente (e agora tão golpeados!) opacos corpos e varram de nós as impurezas de que resultam as cicatrizes que nos marcam.
Recomecemos, mas por um outro caminho.
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terça-feira, 6 de setembro de 2011
atuais objetivos padrão: contradições de uma vida "melhor"
«Acostumamo-nos a morar em apartamentos e a não ter outra vista que não a das janelas ao redor. E, porque não temos vista, rapidamente nos acostumamos a não olhar para fora. E, porque não abrimos as cortinas, rapidamente nos acostumamos a acender mais cedo a luz. E, à medida que nos acostumamos, esquecemos o sol e o ar - e esquece-se a amplidão.
Acostumamo-nos a acordar de manhã sobressaltados porque está na hora. A tomar o pequeno almoço a correr porque estamos atrasados. A comer sandes porque não dá tempo para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A deitar cedo e dormir sem ter vivido a vida.
Acostumamo-nos a ver o telejornal e a saber sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceitamos os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, não acreditamos nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceitamos ter, todos os dias, o dia-a-dia da guerra, dos números de longa duração.
Acostumamo-nos a esperar o dia inteiro e ler no telemóvel: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorados quando precisamos tanto de ser vistos.
Acostumamo-nos a pagar por tudo o que desejamos e o que necessitamos. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisamos. E a fazer fila para pagarmos. E a pagar mais do que as coisas valem. E saber que cada vez pagaremos mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
Acostumamo-nos à poluição. À sala fechada com ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios.
Acostumamo-nos a não ouvir passarinhos, a não haver galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta à mão, a não ter sequer uma planta.
Acostumamo-nos a coisas de mais, para não sofrermos. Em doses pequenas, tentando não nos apercebermos, vamos afastando uma dor daqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se a praia está contaminada, molhamos só os pés e suamos no resto do corpo, conformados. Se o trabalho está duro, consolamo-nos ao pensar no fim de semana. E, se no fim da semana não há muito para fazer, vamos dormir cedo e ficamos satisfeitos, porque, afinal, estamos sempre com o sono atrasado.
Acostumamo-nos a não ter que nos esfregar na aspereza, para preservar a pele. Acostumamo-nos a evitar feridas, derrames, ao nos esquivarmos da faca e da baioneta, para poupar o peito.
Acostumamo-nos para poupar a vida - que aos poucos se gasta, e que se gasta tanto em nos acostumarmos que se perde em si mesma!»
Antonio Miranda: A gente se acostuma, mas... (adaptado)
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
a manipulação das redes sociais
«E se não passarmos de meros peões num vasto tabuleiro onde dois jogadores disputam o poder sobre o conteúdo e o fluxo de informação que é produzido online nas redes sociais, conseguirão estes early adopters manter o mesmo entusiasmo?
Entalados entre as gigantescas capacidades de pesquisa e armazenamento do Google e Facebook, o que restará das nossas vidas que não seja monitorizável?»
sábado, 3 de setembro de 2011
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
calor húmido
As harpas pararam de tocar, os anjos silenciaram-se e os pássaros recolheram-se para os seus abrigos, protegendo os seus filhos.
É noite e chove.
Em vez do habitual calor estival que seca quase excessivamente as fontes de vida, ouve-se apenas o tilintar de pérolas oxigenadas. As luzes brilham cada vez menos dentro das casas, ansiosas por uma pausa demorada.
Este é o único estado de tempo que quero que me reflicta, pelo menos em estado de humor: quente e húmido. Não quero estar excessivamente quente, ardentemente louca; não: não quero esbracejar-me em aflição por um galho mais fresco, para, em breve, partir. Também não quero regressar à gélida frieza que provoca o desejo de hibernar, esconder, refugiar - em solidão. Ambas as situações são pretéritos que eu quero manter perfeitos, esféricos - irrevogáveis.
Quero permanecer na delicadeza da humidade, na presença do calor. E, para não me abafar, quero não me esconder. Quero alongar esta doce melancolia e, ao observar o céu lá fora, sentir o calor dos teus braços envolverem-me o tronco, do teu peito contra mim e a humidade dos teus lábios nos meus; e saber que me abrigo em ti, naquele íntimo, por decisão nossa, sabendo, ao mesmo tempo, que poderemos depois esbracejar-nos ao sabor do vento, sem pressas nem contradições, olhando para um mundo que nos é exterior de cima.
E, sobretudo, ser impossível de conjugar este tempo sem ser num presente simultaneamente simples e contínuo, porque não só se repete como é sempre sem fim previsível, sem vez alguma ser algo meramente do futuro.
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Anónimo
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2:35 da manhã
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