"Compreende que ser perverso não é algo mau até certo ponto", disse-lhe eu. "Aliás, não seguir tanto as regras de etiqueta e de civismo dá-te mais liberdade e mais comodidade e mais conforto socialmente. Desde que não chegues ao ponto de ser cretina (desprezando os valores morais, sendo arrogante, não te preocupando com questões sociais e éticas importantes, como, por exemplo, perder a capacidade de encarar um problema com seriedade), está tudo bem - e podes até estar melhor do que a seguir à risca a etiqueta."
As pessoas tendem, erradamente, a achar que crescer psicologicamente/amadurecer qer dizer duas coisas:
1 - encarar os problemas com seriedade e responsabilidade;
2 - abandonar a diversão, a arte, o prazer, a espontaneidade, etc.
Uma coisa não implica a outra. Amadurecer significa apenas a primeira. A segunda significa, em suma, perder o carácter próprio. Dizem que os que não fazem a 2 são crianças... Pois quem diz isso são apenas aqueles que se esqueceram da parte emotiva e sensível de ser humano.
A emoção não deve ser o guia porque não consegue efectuar raciocínios justos, mas também não deve ser desprezada porque é uma variável da satisfação.
Ser autónomo é ser livre, ser livre é fazer o que se quer, fazer o que se quer é deliberar conscientemente a acção antes de a realizar. Deixar de "amar" e "brincar" é uma "moda" que vem do exterior nem é escolhida autónoma e deliberadamente, logo, é heteronomia.
Ivar Coceiro tem uma entrada acerca disto, pelo que passo a citar:
Devíamos deixar de dizer aos putos de hoje que eles são já são uns Homenzinhos. Em primeiro lugar porque isso é mentira, em segundo porque dizê-lo é uma forma de os torturar. Dizer às crianças que elas são já são uns Homenzinhos é tão estúpido quanto as praxes nas Universidades. É uma espécie de "eu vou lixar este gajos porque os que me antecederam também me lixaram a mim".
As crianças ficam logo em sentido só de saberem que já não são bem crianças, e o mais estúpido ainda é o que vem por trás. A palavra Homenzinho (com maiúscula porque é válida para homenzinhos e mulherzinhas) está carregada duma pequenez que nada tem de infantil. É a nossa pequenez, a de quem já é adulto. A pequenez do "porta-te bem", "não pises a relva", "não ponhas a televisão tão alto", "não sujes as calças", "não comas tantos doces", "não isto" e "não aquilo". Enfim, todo um rol de coisas que estamos desejosos de fazer mas não o fazemos porque... já somos uns Homenzões.
Hoje de manhã, enquanto tomava o pequeno-almoço num café no centro da cidade de Aveiro, um rapazinho de uns cinco ou seis anos de idade aproximou-se de mim e olhou para a minha torrada com ar de guloso. "Olá! Eu também gosto disso!", disse ele. E enquanto eu me preparava para pegar num guardanapo e dar-lhe uma daquelas partes do meio, com mais miolo e menos côdea, a mãe dele veio puxá-lo com força a mais e sensibilidade a menos. "Já és um Homenzinho!", disse ela.
Fiquei com o pedaço de torrada, que acabei por comer sem lhe sentir o sabor, na mão e com a "ela" na retina. Era bonita, sim, mas nada sedutora. Pelo menos foi o que eu pensei. Talvez já seja uma mulherzona.
28 comentários:
percebo o que queres dizer, mas na segunda parte temos que saber os limites que naopodemos ultrapassar, ter a consciencia que certas atitudes quando feitas sem pensar, podem trazer consequencias que nao queremos.
e isso do ser perversa, vem nesse contexto, por exemplo existem atitudes que se podem ter com pessoas com quem confiamos, com quem nos envolvemos,mas sao atitudes que nao devemos ter com outras pessoas, quando a confiança e o quanto nos queremos envolver não é o mesmo.
temso que saber estabelecer limites e não os ultrpassarmos e depois ups nao devia ter feito isto e as consequencias do que fiz não são as que eu queria
Riga/V-1 Boy: Sim, mas era precisamente a isso que eu me referia quando falei no ser cretino. Amadurecer não implica deixar de brincar, implica apenas reconhecer até que ponto podemos brincar: e, na minha modesta opinião, que vale o que vale, é desrespeitar. Uma coisa é acharmos que nos devemos "comportar em sociedade" e por isso deixarmos de lado a espontaneidade, a brincadeira; outra coisa é brincar quando temos esse direito: e temo-lo sempre que não estivermos a desrespeitar algo ou alguém, como, por exemplo, brincarmos perversamente com pessoas desconhecidas ou, ainda, não termos em consideração que uma atitude nossa de brincadeira pode estar a desrespeitar a dor do outro ou a seriedade dum problema.
Adorei o texto!
Gostei muito da crítica.
Penso que é injusto um rapaz ser preverso e ser considerado um "fixolas" e uma rapariga ser preversa e ser vista logo como uma pega. Detesto esse tipo de preconceitos...
PS: Duvido que te lembres de mim mas eu sou steerock66 do youtube xD
Victória J. Esseker: AAAAAAAAAH! Claro que lembro! xD Lembro, sim, lembro, lembro! :D É bom ver que decidiste juntar-te à blogosfera. A literatura é algo fantástico! :D
Bem, os meus amigos chamam-me de "pêga" na brincadeira. :D Eu não me importo, para ser sincera. Eles fazem-no por causa do meu carácter malandro, mas, como é óbvio depois de me conhecerem um pouco, eu nem sou uma pêga a sério nem sou malandra/perversa a sério, nem o sou em brincadeiras com pessoas com quem não tenho confianças, como referiu ali o Ruizito. :) E, neste ponto, é saudável. :D
Victória J. Esseker: Espera, então és tu a Stee' que me começou a seguir há uns dias? :D Obrigada! Queria agradecer-te por isso, mas não conseguia aceder a um blogue teu...
carmen
mas repara, isso também pode ser aplicado quando conheces a pessoa:
por exemplo mesmo que tenhas confiança com a pessoa, falas bem com ela e tal e começas com certo tipo de conversas, a outra pessoa alinha e tal, mas abusa e acabam por passar os limites.
eu acho que nesse caso não é justo para nenhum dos lados, porque podemos magoar o outro lado sem querer, porque se não tivermos sentimentos pela outra pessoa, passar certos limites pode magoar.
sou sincero, já mais que uma vez tive conversas mais picantes e foi "mais além", mas eram pessoas de quem gostava e não existia o problema de estar a abusar, ou de estar a dar esperanças e a magoar o outro lado. pessoalmente acho que não existe problema em falar de tudo, e existe pessoas quem confiam em mim para falr de tudo, desde que não se abuse do tipo "dar a mão e a outra pessoa pegar logo no braço" e levar as coisas para caminhos que nao deviam ir.
ps: se calhar até sei de quem falas aqui e essa pessoa até sabe o que eu acho ;)
pps: ruizito é bem.lol =P
Riga/V-1-Boy: Desculpa ter-te tratado com tanta intimidade, senti-me à vontade para isso. xD
Mas, e sim, aquilo que eu entendia por "cretino" pode ser ilustrado com esses exemplos. Por vezes desrespeitamos o outro com essas brincadeiras perversas sem intenções de o fazer, mas aí o mal, a meu ver, não está em tê-lo magoado, mas sim em admitir o erro, pedir desculpa por ele e aprender com ele.
A meu ver, não há mal nenhum em errar, há em não aprender com os erros e em não admiti-los. Errar qualquer pessoa o faz; ser humilde e assumir o erro e aprender com ele já não.
nao levei a mal
tipo tive uma ex que fazia asneira e depois contava-me.lol
nao percebi dizes que o mal está em pedir desculpa pelo erro? tipo a questão acaba por ser essa mesma admitir que se errou, perceber onde se erros e não voltar a cometer exactamente o mesmo erro algum tempo depois com as mesma consequencias.
a questão é que se erramos, temos que, quando percebemos que tamos a ir pelo mesmo caminho, que cortar logo o mal pela raiz e parar para pensar no que estamos a fazer
Riga/V-1-Boy: Concordo plenamente contigo. A disciplina interna é muito importante a concretização daquilo que realmente queremos e que achamos que é justo e correcto.
Peço desculpa pelo lapso. Queria dizer que o mal está em NÃO admitir o erro e aprender com ele. Pensei na palavra "não", mas não a escrevi. :)
eu digot aprendi algo com essa tal minha ex
ela traiu-me 2 vezes e só depois da segunda a muito custo é que a deixei de vez. e perguntas, porque não o fizeste logo da primeira vez?porque na altura foi se calhar a primeira paixao correspondida que tive a serio e achava que a conseguia mudar ( e ela esforçou-se para me afastar com falsas gravidezes e abortos).
mas sabes o qeu aconteceu 4 meses depois de a deixar de vez quando consegui ter coragem de lhe voltar a falar? ela veio falar cmg e disse-me: " tu foste a unica pessoa que gostou realmente de mim, que nao o fez simplesmente para me levar para a cama, que gostou de mim como eu era por dentro e por fora"
mas o que aprendi com isto foi a deixar de tolerar a traição e certas atitudes e isso viu-se com a minha ultima ex, no inicio arrependi-me de ter acabado com ela, mas com o tempo e ver certas atitudes dela, fez-me ver que foi a melhor opçao.
é preciso ter essa disciplina, se calhar por eu a ter"em excesso" é que muitas vezes me acham certinho de mais, e não sou uma opçao assim tão "valida", por não ser de grandes riscos, a nao ser pela certa, por pensar muito bem no que vou fazer antes de o fazer
Riga/V-1-Boy: Eu gosto de arriscar, por vezes, no entanto acho que não deves lamentar que não sejas "procurado", porque é preferível depois encontrar uma pessoa que nos queira e que seja boa do que andar a experimentar, porque isso é sempre feito nos lugares errados.
Sim sou a stee, eu segui com esta conta mas n sei q raio é q se passa com o blogger e o google... --'
Eu já tinha definido o "conceito" nas outras duas partes xD
Em relação ao capitalismo: O teu comentário veio mesmo a calhar porque nos ultimos dias tenho realmente pensado nisso. Está a dar cabo dos paises em desenvolvimento e do ambiente.
Eu até concordo com a teoria comunista, a de marx, mas acho q não resulta na prática. Em fim, este mundo é de loucos!
Adorei o texto do outro senhor :P
"Ruizito" ahah xD
Victória J. Esseker: O comunismo, ao tentar ser um mecanismo de resposta aos problemas do capitalismo, vai ser radical, mas é tão radical que, despropositadamente, acaba por incorrer no mesmo erro.
O capitalismo, por um lado, ao querer dar espírito de livre-iniciativa e competitividade, vai potencializar o indivíduo; mas, para isso, o Estado não pode ser interventivo: a economia é independente da política e, ao desregar-se dela e tentar ascender sozinha, acaba por a destruir. A riqueza não circula, não é redistribuída, concentra-se cada vez mais naqueles que já a tinham e os trabalhadores ficam na miséria, por serem apenas os modos de produção. Os ricos enriquecem e os pobres empobrecem.
O comunismo, por outro lado, ao querer dar espírito de colectividade, vai eliminar por completo o indivíduo; cada pessoa, ao produzir para o colectivo, para o Estado, acaba por ser apenas um modo de produção, tem apenas essa função de trabalhador, donde vem a produção, e, novamente, a política é destruída pela economia. Ou seja, basicamente o comunismo é a mesma coisa do que o capitalismo; só que no comunismo, em vez de uma elite económica constituída por empresários, tens o Estado.
Victória J. Esseker: Ah, e relativamente à orgia Google com Blogger e afins... Possivelmente tens um conta Google com que inicias sessão no Blogger e outra conta Google com que não inicias sessão no Blogger. Talvez te esqueças, por vezes, de trocar de conta. Estou só a lançar hipóteses.
S.: SÍLVIA! Ó Sílvia! Isso lembra-me uma coisa que tenho de te contar antes que me esqueça!
Hoje fui levantar o meu Cartão de Cidadão às finanças. Quando fui atendida, ao olharem para a foto do meu BI antigo, perguntaram-me se era a minha filha!! xD E quando eu disse que era eu, pediram-me desculpa e disseram que "não parecia a senhora"!! xD
Eu nunca na vida vou fazer o numero 2, não posso nem não devo.
Se abandonasse a diversão, a arte, o prazer e a espontaneidade, morria simplesmente xD
Ahahahahah xD
Mais valia ir fugir para a ilha com tanta confusão que estas políticas económicas causam... xD
Cota: Nem não deves? Ou nem deves? :))
É bom que assim sejas. Muito bom mesmo. Orgulha-te disso! :D
Victória J. Esseker: Esse é o caminho fácil. Aquele que eu te sugiro a seguir é o mesmo que o meu: tenta resolver este problema. Quanto mais pensarmos nisto e quantos mais formos a fazê-lo, maior é a probabilidade de arranjarmos uma solução. E, sinceramente, o maior gosto que há é lutarmos muito por algo que achamos correcto e, depois de "tantas lágrimas e tanto suor", vermos realizados os nossos princípios.
=O eu não escrevi aquilo!!! os exames dão cabo deste rapaz xD
Cota: Estás cota, dá-se um desconto. xD :3
Deixa lá, é só uma palavra a mais. Distracção e/ou emoção. Acontece. :)
Foi um lapso, eu tenho um mestrado de lapsos e duas pós-graduações em erros ortográficos... Passei muitos anos sem escrever como deve ser e a escrever mal no msn (com k's e x's)... Estou em Rehab LOL
Cota: Olha que para quem escrevia muito mal estás muito bem. deves ter feito um esforço enorme, não?
Não foi muito difícil, simplesmente me voltei a educar xD
Cota: Ah, mas então antes de te juntares à moda da preguiça literária já sabias escrever razoavelmente? :))
Sim já escrevia como deve ser (só não conhecia tantas palavras), era puto, está tudo dito xD
Cota: Sim, é normal nos adolescentes, principalmente naqueles que ainda não são adolescentes, mas querem muito sê-lo, por isso acabam por fazer coisas que acham que é mesmo à adolescente. *levanta a mão* Guilty!
Perguntei isso porque a maior das pessoas que começam a escrever decentemente depois dessa fase têm muita dificuldade, porque antes também não eram grandes escritores. A minha mãe, por exemplo, por ter tido dois filhos nessa fase em tempos muito próximos, adoptou a mesma moda. Quando eu voltei a escrever bem, ela achou giro e quis fazer igual à filha, mas já não pôde porque já não se lembrava como eram as palavras sem x nem k... u_u Para mim foi fácil, porque eu sempre escrevi muito e depois disso comecei a ler... mas para ela, que ainda hoje trabalha em limpezas e raramente escreve, é quase improvável.
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