O relvado de lã que cobre as minhas costas conforta-me, dissipando as únicas dores que costumo ter, desde que abro a janela ao Sol. Outrora, tinha medo que a ventania entrasse para a casa e esfriasse o quarto. Quarto, diga-se de passagem, já frio. Não receava, portanto, perder o calor, mas sim intensificar o clima que já me agonizava comodamente. Cansei-me, assim, de tentar isolar o ar e correr apenas as persianas e os cortinados, tal como deixei de usar lâmpadas. A luz do Sol, para ser calor, precisa de se infiltrar verdadeiramente -- e não ser simulada ou barrada parcialmente. Não há meio termo para tudo o que é natural e, portanto, espontâneo -- ou, em última análise, verdadeiro.
Na frente dos meus olhos, vejo a luz correr para me alcançar, por entre a renda branca que baila por entre as tonalidades laranja, verde e rosa, quais holofotes que lembram auroras. Estico-lhe a mão e sinto a simplicidade de ser genuíno arrepiar todos os cabelos do meu corpo, provocando em mim uma sensação de prazer, frescura e calma, à medida que a paz interior se entrelaça e avança pela ponta das minhas unhas, até colocar a sua aliança em mim. A minha cabeça pende da borda da cama, sinto o calor massajar-me a nuca e imagino que os caracóis negros desalinhados que decoram a minha cabeça devem estar agora ruivos, de banhos de Sol. Tu sempre gostaste da forma como o meu cabelo se assemelha à juba de um leão. Não é, contudo, a selvajaria que te prende a mim. A aparência tropical limita-se a incendiar estes corpos que não se desgrudam.
A minha mente maga transforma, subtilmente, as ondas dançarinas nos meus olhos em memórias de uma realidade com a qual nunca deixei de sonhar. Pessoa sussurrava que a realidade é apenas o ponto de partida para o sonho, mas foi com a maior racionalidade que o sonho nos fez partir para a realidade.
O meu peito, todo coberto pela tua existência, sente um calor não suado, um calor intenso e amado. No meu ombro, tenho uma cabeça que arfa sobre o meu pescoço e me faz saber que nenhum mal me pode acontecer. Nos teus braços, repousa toda a minha fragilidade, cujo saber se dissipará com o tempo, até à deterioração fatal que nos espera a todos. Um dia, a doce textura da tua pele não será mais sentida com o toque dos meus dedos. Aquele calor que, no entanto, emana de nós, por mais conscientes que sejamos, é a vitória de uma vida. Por mim, sei que poderia deixar de existir daquele momento em diante, porque seria sempre recordada como alguém que alcançou a felicidade maior que pode existir num ser humano...
Até lá, tenho a proximidade de dois corações que batem em uníssono, tenho as cores mais bem pinceladas na minha mente, e tenho as tuas costas musculadas sobre o meu tórax, debaixo das minhas mãos... E, com elas, acaricio quem está do outro lado e sente a mesma ânsia de viver que eu. Essa, sim, é a melhor recompensa que se pode dar a alguém por crer, por querer, por esperar... A textura ondulada e fria dessa tua pele de caramelo, cujo odor é mais suave do que a maciez do algodão como nuvem de plumas.
Nunca deixes que nada quebre aquilo que construímos. É tudo o que te peço em troca.
Na frente dos meus olhos, vejo a luz correr para me alcançar, por entre a renda branca que baila por entre as tonalidades laranja, verde e rosa, quais holofotes que lembram auroras. Estico-lhe a mão e sinto a simplicidade de ser genuíno arrepiar todos os cabelos do meu corpo, provocando em mim uma sensação de prazer, frescura e calma, à medida que a paz interior se entrelaça e avança pela ponta das minhas unhas, até colocar a sua aliança em mim. A minha cabeça pende da borda da cama, sinto o calor massajar-me a nuca e imagino que os caracóis negros desalinhados que decoram a minha cabeça devem estar agora ruivos, de banhos de Sol. Tu sempre gostaste da forma como o meu cabelo se assemelha à juba de um leão. Não é, contudo, a selvajaria que te prende a mim. A aparência tropical limita-se a incendiar estes corpos que não se desgrudam.
A minha mente maga transforma, subtilmente, as ondas dançarinas nos meus olhos em memórias de uma realidade com a qual nunca deixei de sonhar. Pessoa sussurrava que a realidade é apenas o ponto de partida para o sonho, mas foi com a maior racionalidade que o sonho nos fez partir para a realidade.
O meu peito, todo coberto pela tua existência, sente um calor não suado, um calor intenso e amado. No meu ombro, tenho uma cabeça que arfa sobre o meu pescoço e me faz saber que nenhum mal me pode acontecer. Nos teus braços, repousa toda a minha fragilidade, cujo saber se dissipará com o tempo, até à deterioração fatal que nos espera a todos. Um dia, a doce textura da tua pele não será mais sentida com o toque dos meus dedos. Aquele calor que, no entanto, emana de nós, por mais conscientes que sejamos, é a vitória de uma vida. Por mim, sei que poderia deixar de existir daquele momento em diante, porque seria sempre recordada como alguém que alcançou a felicidade maior que pode existir num ser humano...
Até lá, tenho a proximidade de dois corações que batem em uníssono, tenho as cores mais bem pinceladas na minha mente, e tenho as tuas costas musculadas sobre o meu tórax, debaixo das minhas mãos... E, com elas, acaricio quem está do outro lado e sente a mesma ânsia de viver que eu. Essa, sim, é a melhor recompensa que se pode dar a alguém por crer, por querer, por esperar... A textura ondulada e fria dessa tua pele de caramelo, cujo odor é mais suave do que a maciez do algodão como nuvem de plumas.
Nunca deixes que nada quebre aquilo que construímos. É tudo o que te peço em troca.