quinta-feira, 31 de março de 2011

a excepção que se prolongou

Tem piada, já não se lembra do corpo dela. Só se lembra da sensação de lhe tocar. É como se tivesse esquecido a cor dos lençóis duma cama de hotel sem lhe esquecer o conforto. E é altura de se perguntar outra vez porque é que não se apaixonou por ela. Nunca percebeu, mas sabe que esteve sempre quase e nunca aconteceu. Foi um amor estéril, conclui. Os amores estéreis são esses, os que nunca o chegam a ser mas crescem na mesma, talvez como uma flor sem raiz.
Acha que ela também nunca se apaixonou por ele. Aliás, tem a certeza. Ainda bem, pensa. Só assim é que é possível dizer um até amanhã sabendo que é um até nunca. "Um dia destes telefono-te", disse-lhe ele. E ela sorriu sabendo que era mentira. Mas não se importou. Pelo contrário, foi um alívio.
Nunca acreditaram no toque um do outro, mas mesmo assim tocaram-se repetidamente. Precisavam de acreditar num toque qualquer e não havia mais nenhum. Às vezes é assim. Ambos tinham um Amor não correspondido e ninguém se acomoda à falta de correspondência. Aliás, foi nesse quarto de hotel que ela lhe disse que ambos tinham ficado sem casa, mas como ninguém gosta de ficar na rua refugiaram-se ali, num quarto de hotel e um no outro. Ele assumiu-se como um refugiado no Amor e a respiração tornou-se mais lenta. Nesse momento até o corpo amoleceu e precisou de um novo toque para endurecer.
Tinham-se conhecido uns dias antes, ainda ambos eram apenas um caco da destruição de um Amor anterior. Ainda ambos farejavam a cidade como cães anósmicos, à procura do que não havia, e acabaram por roçar um no outro. Tem piada ele já nem se lembra do que bebeu nesse bar. Só se lembra da sensação de estar a fingir um interesse que não tinha e de sentir que ela fingia o mesmo. Talvez por isso tenham ido para um quarto de hotel: para nenhum deles dar mais de si do que devia. E fecharam-se ali, onde sabiam que o Amor não os encontrava para fingir que nem precisavam dele. Ele sentiu-se mais prostituto. Ela também. E soube bem.

Sabe mal quando ela engravida e ele não sabe de nada. Entretanto ele morre, a criança nasce e ela, com vergonha, não procura pela mulher e pelos filhos dele, para lhes dar a notícia da bastardazinha. E sabe pior ainda quando a menina cresce com os pais dela e o pai dela bate na menina e trata-a como lixo, porque ela não tem dinheiro para a criar.
Sabe mal, principalmente à filha.

19. Carta a alguém que importuna a tua mente - positiva ou negativamente

Conteúdo para Adultos


Em seguimento de masoquismo ou culto próprio?.

Não te aproximes mais. Chega.
Afasta-te de mim. Não te quero aqui.
Não te quero!
É assim que penso cada vez que te vejo ou cada vez que me falas.
E não te quero, de facto. Não, de maneira alguma.
Estou cansada de ti. E de mim. E de nós.

Cansada da tua atitude! Cansada das características que activas em ti. Não tens já idade suficiente para perceber que estás a piorar progressivamente? Não tens capacidade de compreensão da tua estupidez?! Serás assim tão estúpido?! Tão ignorante? Tão burro!
Estou realmente farta de ti. Fartei-me de te tentar compreender ou ajudar, quando tu adoptas sempre uma posição da ignorância representar o sumus pontifície e de que tudo o que eu disser é mentira ou irrelevância digna de bofetatada. Cansei-me de te tolerar - e exausto-me só de pensar na ideia de o repetir. É por isso que só o pensamento de ti ou a tua visão me fazer querer degolar-te.
Pegar numa lâmina pesada, grande e afiada e cortar-te o pescoço com todas as forças que tenho. Gastá-las todas em ti. Desfigurar a tua cara. Tornar-te mórbido e, por fim, aniquilar-te. Desfazer-te em pedaços. Pedaços de carne. E, depois, cuspir para cada pedaço teu, espezinhá-lo, esmagá-lo. Transformá-lo em pó. Cinza. E soprar a cinza, inundá-la em água. E, de novo, pisá-la. Atirar-me para cima dela com os pés e gritar que te afastes de mim. Não te quero!
Mas como é que é possível que tu sejas tão estúpido?! Como é que é possível que tu, besta quadrada, animal quadrúpede com um cérebro em decomposição e uma mente apodrecida, não compreendas o quão IDIOTA és, meu duende insignificante?!
Tira daí o determinante possessivo, que não quero pertença de ti! Não quero a tua pessoa envolvida com a minha! Não quero tal imundície!

E pergunto-me ainda: como terás sido capaz de substituir as características que tinhas pelas características que tens?! Como será possível que te tenhas tornado tão monstruoso a meus realistas olhos, quando com os mesmos olhos te via eu doce?
Como terás sido capaz de, depois teres sido gozado por tanta gente, de teres aprendido a saber como dói ser excluído, de teres sido deixado em paz e posteriormente de teres sido aceite por algumas pessoas DEVIDO A MIM!!, excluir os outros, ser arrogante e fútil?
Como serás tu capaz, depois do passado por que passaste, de discriminar os outros e achar-te superior a eles?
Como serás tu capaz de te envergonhar dos outros, quando tu próprio és uma mancha?
Como serás tu capaz de olhar repugnado para o prato dos outros, quando tu próprio és nojento a comer?
Como serás tu capaz de mentir para fazer boa figura, quando te revoltavas por veres os outros mentirem desnecessariamente?
E como serás tu capaz de achar que fazes boa figura, quando todos te acham - principalmente agora! - ridículo?
Não tens qualquer noção de bem ou justiça.
Não contes mais com o meu apoio - porque a amizade já forçaste tu a romper.
Metes-me nojo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

ser artista: que implicações?

Are You An artist?

Are you?
Are you all consumed by what you do?
Are you awake at all hours considering how it should be done?
Do you see things from the corner of your eye and wonder how to show it to the rest of the world?
Does your curiosity for all things run away with you?
Do you see glory in the mundane?
Do you see beauty in the ugly?
Do you compose your world around you, see it as if through a view finder, on paper with graphite, on canvas with oils, on graphics with a mouse, do have wonder running through your veins and questions always on your mind?

Being an artist is more than having the ability to draw, to paint, to be able to use a camera; being an artist is what makes you, it runs through your whole being and like a ticking clock it counts along with your heartbeat, tick, tock, it's inside you and no matter what you cannot contain it and you will show all what you are and that essence of creativity will be released again and again, you will become blind to what the world thinks of your art, you will only become aware of what you feel, how it makes you rejoice in all that you are and all that you see. Only this will stop your work being sterile, only by giving a little of your life to your work will your work ever truly live.

You are unique, just like the art you produce you will always be different from the normal, you took that decision the day you picked up a camera, the day you picked up a brush, the day you wrote prose, be proud of what you are, you are an artist, you are art, when you feel it within your soul, when you ca'nt get the paint out from the creases in your fingertips, when you carry your camera everywhere, when you can't leave the house without paper and pencils and a story is always unfolding in your mind no matter what you are doing, can you then say you are an artist.
Mike Shaw, em News: Are You An artist?

domingo, 20 de março de 2011

o mais audível grito

Dance by *kittynn
Encontramo-nos frequentemente, mas não nos conhecemos. Ou aliás, talvez ela me conheça, mas eu não a conheço, não sei quem ela é, o que quer de mim, por que me persegue ela ou quando há-de ela aparecer para ficar.
Estou cansada desta luz ténue que ilumina os meus dias enquanto ser que desconhece a morte.
Estou cansada de me enclausurar dentro da minha própria alcova e de ter receio de derrubar alguma coisa se a quiser abrir de vez. Está na altura de decidir entre ter precaução com a forma como a abro para não magoar os outros, não conseguindo passar por esta fresta estreita, e importar-me com a minha libertação e abri-la de rompante, com todas as forças que tenho, duma vez por todas.
Chega de janelas pequenas e lâmpadas de curta voltagem! Vou abrir as largas janelas que tenho no meu quarto, puxar as cortinas para o lado, arrancar os estores e deixar que o Sol fortaleça as células que me constituem e afogue as minhas mágoas com a sua luz! E, pronta para te receber, felicidade, chamar-te-ei o mais audível que as minhas cordas vocais e o meu diafragma me permitirem, para que saibas que nunca mais te vou deixar!


Do not be scared to fly alone. Find a path that is your own. (...)
What are you waiting for? Spread your wings and soar! (Christina Aguilera)

Linkin Park: Breaking The Habit



Memories consume like opening the wound. I am picking me again.
You all assume I am safe here in my room, unless I try to start again.
I do not want to be the one the battles always choose, because inside I realize that I am the one confused. I do not know what is worth fighting for or why I have to scream. I do not know why I instigate and say what I do not mean. I do not know how I got this way - I know it is not all right, so I am breaking the habit. I am breaking the habit tonight.
Clutching my cure, I tighly lock the door. I try to catch my breath again. I hurt much more than anytime before. I had no options left again. (...)
I will paint it on the walls, because I am the one that falls: I will never fight again and this is how it ends!
I do not know what is worth fighting for or why I have to scream, but now I have some clarity to show you what I mean.
I do not know how I got this way. I will never be all right, so I am breaking the habit,
I am breaking the habit,
I am breaking the habit
Tonight!

quinta-feira, 10 de março de 2011

democracia ou cepticismo?

Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão.
Eça de Queirós

sábado, 5 de março de 2011

estiloso, este blogue? está bem, está...

Fashion Tea at 5

  1. Obrigada à Sílvia.
  2. Adoro sarcasmo; detesto ambição material; sou filósofa; atraio-me muito facilmente por pessoas com aspecto vagabundo; detesto a heteronomia; derreto-me com rapazes com cabelo comprido e encaracolado; procuro cumprir sempre o dever.
  3. Peço desculpa, mas não vou premiar blogues recentemente descobertos, porque isso nada tem a ver com qualquer tipo de prémio. Aqui ficam os meus quinze blogues favoritos: Just Like A Puzzle; Sonhos em branco...; Miranda; não compreendo as mulheres; 5 minutos ♥; 1 Mundo de Loucos; The only easy day was yesterday.; Melodia Poética; "It's love, not Santa Claus."; life is live.; letras no caminho; Eu não sou eu. Nem sou o outro.; ...; Cada pedaço de mim, se esvai no vento!; Domínio da Inocência.
  4. Vou encarar este selo como uma forma de dar a conhecer blogues que valham a pena. Desta forma, o importante mesmo é que eu publique os tais blogues, por isso importa mais que vocês os vejam do que eles saibam que eu os acho dignos de ver. Agora não me apetece avisá-los. Talvez mude de ideias e os avise, depois. O objectivo principal já está cumprido, portanto...

terça-feira, 1 de março de 2011

um ombro amigo e parvo anima sempre

- Que se passa? - perguntou-me o Rafael, preocupado.
- Não falemos disso. Há bocado estava a falar com o Zacarias, um assunto puxa o outro... Olha, deve ter sido uma hora a chorar. E foi porque eu queria estudar e parei.
- Toma atenção numa cena. Tudo bem que o Zacarias é feio. Mas daí a chorares... dá pena, meu!

É este tipo de idiotas que tenho como amigos que me fazem rir nos piores momentos. Eu pergunto-me como será possível. A sério que não entendo.

pobre gente...