quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

rascunhos

Como reparar algo que se quebra dentro de nós? Como lavrar um futuro que depende de um agora fragmentado? Como... não ter vergonha de, repentinamente, uma partícula em mim ter desintegrado tudo o que sabia? É como querer segurar areia seca, agora indiferente ao meu esforço. Corro, para onde? Quem me irá amparar quando eu chegar aonde não sei que vou, aonde não quero ir? Eu não quero ir. Mas não sei ficar.
Quem sou eu, que nenhum lago limpa? E, afinal, o que sujou? Sujei? Sujaram-me? Poderia ter-me tê-lo evitado, sem me evitar a mim?
E, afinal, o que se desintegrou, de que matéria é feito? Que é feito de mim?
Fico-me sempre assim, não ficando; querendo, não desejando. E quando desejo, não quero, não me aguento.
Quem é aquela que aquilo fez? Onde está a dignidade dessa pessoa, que eu não poderia ter sido? Como amei tanto, se de facto morreu? E agora, sei amar? Com certeza que não, se nem a mim o faço. A mim muito menos. Porque não me conheço. Só me represento, fundamentada em memórias de mim própria.
E se for fiel, perderei tudo? Ou não quererei nada? E de que importam as perdas e os ganhos, quando nada sinto, de tanto sentir? Importam, pois.
A solidão chama-me, uma vez mais. Serei corajosa?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Hoje, vi-te.

Hoje vi-te.

Sentado, com um acompanhante que nunca foi nem será teu amigo, nem sequer te acompanhará em lado algum aonde queiras ir que aspire a felicidade. E, se pedires que vá contigo destruir-se, tampouco se importará.
Porque é assim que os teus relacionamentos funcionam. Não funcionando, não existindo. E, existindo, têm de terminar. Antes que realmente te afeiçoes à outra pessoa e isso te obrigue a pensar nas consequências dos teus atos - e, sobretudo, no impacto das tuas palavras.
Liberdade, chamas-lhe. Embora saibas, no fundo, que nunca conseguiste enganar ninguém - nem a mim, nem a ti.

Vi-te. Enrolavas mais uma bombinha durante a pausa para o único trabalho digno que alguma vez tiveste. Aquele que eu te arranjei, prolongando o meu próprio desemprego.
É uma boa forma de agradecimento. Pelo menos conseguiste mantê-lo ao longo destes meses. Sem ironia ou veneno, surpreendeste-me pela positiva.

Eu tagarelava sobre as minhas teorias da sexualidade com uma das alianças que reencontrei nesta vida, e que sei que me irá acompanhar nas próximas também. Os amigos não se fazem, reconhecem-se. Lembras-te? Eu reconheci-te, mas não como amigo.

Com certeza ouviste-me e preferiste disfarçar. Afinal, não querias de todo que o teu amigo se apercebesse também. Por algum motivo que, sinceramente, pouco me importa de todo.

Foi bom ver-te. Foi bom não conseguir sentir mais nenhum arrepio, aperto ou calor. Saber que a tua missão na minha vida ficou concluída.
E foi bom ter-te tido. Melhor ainda foi perder-te. Sei hoje que foste uma oportunidade última que tive de me amar a mim própria e de ser suficientemente corajosa para me libertar do que me provocava dor.

No fundo, agradeço-te. E grata estou por te ter visto hoje e confirmado que deixar-te foi a melhor decisão que fiz até hoje. A mais egoísta também. E foi graças a esse egoísmo que pude finalmente dizer: eu sou livre, e viver hoje uma felicidade para a qual eu nunca tinha estado preparada antes. Porque, antes de ti, não saberia disfrutá-la e preservá-la.

E, como sempre, concluí que o universo é perfeito. Afinal, não sabemos quem não somos até nos perdermos.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Saber caminhar

     Voltar atrás e ver quanto se mudou por um princípio que se manteve é percorrer uma vida em diferentes peles e saber que todas essas riquezas invulgares foram pontos de uma mesma linha reta.
     Suba-se a uma montanha e sacudam-se os nossos cabelos. Libertemo-nos então de todas essas plumas que coletamos na esperança de que nos deem asas, que chegamos sempre à conclusão de que não construímos mais do que ninhos. Pois todos esses riachos em que lavamos os pés não sabem mais livrar-se do lixo que fazemos - e sobretudo dizemos -, urge, antes de mais, a necessidade de nos despoluirmos desses pensamentos negativos, agressores, dolorosos, desmotivantes, que constituem o nosso dia-a-dia, citadinos.
     Sejamos felizes, que ninguém tem o poder de fazer isso por nós. E que saibamos domar-nos, que a subtil arte de arriscar precisa de impulso, mas, também, de travão.
     Coragem e humildade. Que não nos incomodem as feridas nos pés, das pedras que nos magoam pelo caminho que percorremos - pois não há nada nada mais nosso, quando o queremos verdadeiramente. "Basta" nunca abrirmos mão dele.

sábado, 3 de novembro de 2012

Liberdade é Ser

«Por um sistema desde longo tempo combinado foram os portugueses privados de tudo quanto pertencia ao Governo, à legislação e administração da Fazenda: todos esses importantes objetos foram reservados unicamente para certos indivíduos privilegiados e que dispunham de tudo sem responsabilidade alguma. Não havia entre nós quem ousasse pedir contas das rendas do Estado, quem pedisse as razões e os motivos de tantas leis ineptas e parciais. Nós não tínhamos verdadeiramente Pátria.»

Astro da Lusitânia, nº 1, 30 de outubro de 1820

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Mudanças

     Era só para avisar que mudei de conta. A pessoa é a mesma, os blogues são os mesmos, tudo é o mesmo, menos os links. Links direcionados para a antiga Cármen não terão mais validade.
     O mesmo se passará com o url do blogue, que deixará de ser cween-crazy.blogspot.com, para ser controlo-demente.blogspot.com.